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Europa

Túmulo do nazista Rudolf Hess é destruído e restos são exumados

21 jul 2011 - 10h35
(atualizado às 14h49)
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Os restos do ex-braço direito de Hitler, Rudolf Hess, foram exumados às escondidas na madrugada desta quarta-feira, com o túmulo destruído em seguida, numa tentativa de eliminar o mais importante local de peregrinação neonazista da Alemanha.

Montagem mostra o local do túmulo de Rudolph Hess antes e depois da destruição no cemitério de Wunsiedel
Montagem mostra o local do túmulo de Rudolph Hess antes e depois da destruição no cemitério de Wunsiedel
Foto: EFE

Com a ajuda da luz de um pequeno projetor, às quatro horas da manhã, o diácono Hans-Jürgen Buchta e seus sete assistentes presidiram uma espécie de cerimônia, no cemitério protestante, destinada a livrar para sempre a aldeia de Wunsiedel, na Baviera (sul), dos neonazistas, 24 anos após a morte de Hess.

A exumação ocorreu a menos de um mês do aniversário de sua morte, longe do público e sem que a mídia fosse informada.

Os restos foram colocados num novo caixão, que foi incinerado, e as cinzas devem ser lançadas ao mar.

Nenhum skinhead ou nostálgdico do III Reich apareceu para perturbar a solenidade.

Durante todos esses anos, não se passava uma semana sem que aparecesse um peregrino nazista em Wunsiedel, lembrou-se o diácono: alguns faziam a saudação hitlerista, proibida na Alemanha, diante do túmulo que apresentava uma inscrição enigmática - "eu ousei" - e as datas de nascimento e de morte do líder nacional-socialista.

Centenas de neonazistas vinham comemorar anualmente, no dia 17 de agosto, sua morte, até que foi aprovada, em 2005, uma legislação proibindo esse tipo de reunião.

Ex-número dois do Partido Nacional Socialista (NSDAP) de Adolf Hitler, Rudolf Hess foi condenado à prisão perpétua durante o julgamento dos líderes nazistas em Nuremberg.

Suicidou-se aos 93 anos, ao final de 41 anos recluso em sua cela, na prisão de Spandau, em Berlim Ocidental, na qual era o único detido.

Hess, que tentou negociar um acordo de paz na Grã-Bretanha, em 1941, escreveu no testamento que queria ser enterrado no cemitério protestante de Wunsiedel, onde seus pais tinham uma casa de veraneio. A paróquia respeitou sua última vontade.

Wolf Rüdiger Hess, afilhado de Adolf Hitler, adorava seu pai Rudolf e acusou os Aliados de responsabilidade por sua morte.

Mas, dez anos após a morte de Wolf Rüdiger, a família Hess decidiu virar radicalmente a página da história. Em novembro passado, Hans-Jürgen Buchta recebeu uma carta dos herdeiros, pedindo que prorrogasse por mais 20 anos a permissão da sepultura.

Os representantes da paróquia aproveitaram a oportunidade para explicar aos descendentes de Hess o problema representado pelo local de peregrinação.

"Parece que entenderam, disse à AFP o ex-burgomestre do cantão, Peter Seisser.

Segundo a presidente da comunidade judaica de Munique, "durante anos, Wunsiedel e seus habitantes foram aterrorizados por neonazistas do mundo inteiro. Acabou", estimou Charlotte Knobloch.

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