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Estados Unidos

Prisão ameaça candidatura de Strauss-Kahn à presidência da França

15 mai 2011 - 11h03
(atualizado às 15h03)
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O diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn, que enfrenta acusações de agressão sexual em Nova York, foi visto nas pesquisas de opinião mais recentes como o pré-candidato com mais chances de vencer a eleição presidencial de 2012 na França e tomar o lugar de Nicolas Sarkozy.

Diretor do FMI é acusado de violentar camareira:

O socialista de 62 anos, que foi ministro das Finanças da França no final dos anos 1990, mudou-se para Washington no final de 2007 para chefiar o Fundo Monetário Internacional, exatamente quando a economia global era atingida pela pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.

As pesquisas de opinião vêm mostrando consistentemente que Strauss-Kahn, que ainda não declarou sua candidatura oficialmente, poderia derrotar Sarkozy redondamente e teria vantagem em relação a todos os outros potenciais rivais na eleição presidencial prevista para abril e maio do próximo ano.

Isso foi até a notícia chocante de sua prisão em Nova York em função de uma alegada agressão sexual a uma camareira de hotel. Promotores o acusaram criminalmente no domingo de ato sexual criminoso, tentativa de estupro e cárcere privado. O advogado de Strauss-Kahn disse que ele vai se declarar inocente.

Controvérsias não constituem novidade na vida de Strauss-Kahn. Em 2008, ele foi investigado pelo FMI por possível abuso de poder envolvendo um caso extraconjugal breve com uma economista da instituição. Ele foi inocentado de abuso de poder e pediu desculpas públicas por um "grave erro de julgamento".

A notícia de sua detenção no aeroporto JFK, em Nova York, dificilmente poderia ter chegado em um momento mais crítico.

O Partido Socialista francês, principal agrupamento oposicionista do país, realiza uma disputa "primária" para escolher seu candidato na disputa presidencial, e os pré-candidatos precisam inscrever-se em pouco tempo. A expectativa ampla era que Strauss-Kahn declarasse suas intenções até o final de junho.

Falta "fogo no ventre"?
Em uma seleção primária semelhante em 2006, Strauss-Kahn perdeu para Ségolène Royal, em uma performance decepcionante que levou o embaixador dos Estados Unidos na época a afirmar que Strauss-Kahn não possuía o "fogo no ventre" necessário para travar uma campanha presidencial.

Sarkozy venceu a eleição de 2007, e a previsão é que se candidate a um segundo mandato, embora as pesquisas de opinião o tenham mostrado em desvantagem em relação a Strauss-Kahn e com dificuldades devido a sua imagem pública de personalidade defensiva com quem os franceses têm pouca empatia.

Criado no Marrocos e Mônaco em uma família judia secular e liberal, Strauss-Kahn teve uma carreira acadêmica antes de lançar-se na política. Diplomático e poliglota, espirituoso e autoconfiante, ganhou a reputação de ótimo orador público e negociador charmoso em discussões reservadas.

Como Sarkozy, ele já foi casado três vezes, a primeira delas com sua namorada dos tempos de colegial, aos 18 anos.

Para alguns franceses de uma geração mais velha, a terceira e atual esposa de Strauss-Kahn, Anne Sinclair, pode ser uma celebridade maior que ele, apesar de ter há muito tempo trocado seu emprego de entrevistadora mais vista da TV sobre assuntos da atualidade francesa pelo papel de esposa leal e blogueira em tempo parcial.

Anee Sinclair, que se casou com Strauss-Kahn quando ele era ministro da Indústria, em 1991, no governo do falecido presidente socialista François Mitterrand, é neta e herdeira de um dos maiores marchands de arte da França. Ela nasceu em Nova York, para onde seu pai fugiu durante a perseguição nazista aos judeus, na Segunda Guerra Mundial.

Quando Strauss-Kahn precisou fazer um pedido público de desculpas pelo caso extraconjugal no FMI, Anee permaneceu a seu lado de uma maneira que a levou a ser comparada a Hillary Clinton, a secretária de Estado norte-americana e esposa do ex-presidente Bill Clinton.

Os eleitores franceses têm atitude tolerante em relação à vida sexual de seus líderes, e a mídia francesa tende a evitar esse assunto, por questão de princípio. Uma filha que Mitterrand teve fora do casamento era desconhecida da maioria das pessoas até que apareceu no funeral do ex-presidente.

Longe da França, Strauss-Kahn, como diretor-gerente do FMI, vem cuidadosamente reforçando suas credenciais de esquerda e construindo um livro de contatos que supera os de muitos estadistas. Além disso, tem encontrado bastante tempo para visitar seu país de origem, além de uma casa em Marrakesh, no Marrocos, onde sua família e amigos promovem encontros regulares.

Trilhões seriam gastos com crise
Strauss-Kahn gosta de divulgar que, quando a crise econômica global se abateu sobre o mundo, no final de 2007, ele foi o primeiro a dizer que os líderes mundiais teriam que desembolsar trilhões de dólares para combater a depressão.

Isso equivaleu a uma pequena revolução para muitos no FMI, instituição odiada por muitos em países com a Argentina por ordenar programas de austeridade rígida em troca de seus empréstimos de resgate.

Na França, Strauss-Kahn foi o arquiteto da política econômica que ajudou a levar os socialistas ao poder em 1997 e lhe valeu o cargo de ministro das Finanças. Ele é economista de formação e, em um período da década de 1970, aparentava estar destinado a uma carreira acadêmica importante nesse campo.

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