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Europa

Memorial lembrará religiosos tchecoslovacos presos no comunismo

5 mai 2011 - 10h16
(atualizado às 11h34)
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Um memorial para homenagear os mais de 11 mil religiosos que sofreram em campos de trabalho e de concentração durante o regime comunista tcheco (1948-1989) será construído no santuário de Kraliky, ao leste de Boêmia.

A iniciativa, que nasceu sem financiamento público e com o custo de 140 mil euros, surgiu 20 anos depois da queda do comunismo porque "os presos foram esquecidos", explica à Agência Efe Richard M. Sicha, um dos responsáveis pelo memorial.

"No marco da operação K, nos anos 50, foram criados em todo o território da Tchecoslováquia conventos de centralização para homens e mulheres de ordens e congregações, a fim de eliminá-los violentamente", lembra Sicha, o diretor do Museu das Fortalezas Tchecoslovacas dos anos 1935-1938.

Durante abril e maio de 1950 foram presos 2,3 mil párocos e monges, em uma população religiosa masculina de 3 mil, e cerca de 8 mil religiosas.

Em 1954, todos os conventos do país foram fechados e teve continuidade a política de internamentos forçados, que durou até 1961, quando a situação perdeu força depois das mortes do líder soviético Joseph Stalin e do presidente tcheco Klement Gottwald.

Após a queda do comunismo, os presos políticos e outros presidiários foram lembrados pelos seus familiares. "No caso dos seminaristas e padres suas famílias são as congregações e ordens e estas foram liquidadas pelos comunistas, por isso que há essa descontinuidade", afirma Sicha.

Ela acrescenta que algumas dessas comunidades não têm como esclarecer o que ocorreu com seus membros, como a Congregação do Santíssimo Redentor, uma família formada atualmente por 15 pessoas.

Entre outros que sofreram este tipo de repressão estão os jesuítas, franciscanos, beneditinos e a ordem tcheca da consolação, enquanto as religiosas foram obrigadas a trabalhar na indústria, eles tiveram de exercer atividades na agricultura, sob estreita vigilância de antigos membros da Statni Narodni Bezpecnost (SNB), a Polícia política comunista.

"Pelo santuário de Kraliky, transformado em convento de centralização, passaram 540 pessoas, sob a custódia de 22 vigilantes", acrescenta.

Além de Kraliky, houve centros em Zeliv, Osek, Fulnek entre outras cidades, além de prisões de Mirov, Leopoldov e Bory, onde os religiosos mais radicais eram transferidos.

Ao contrário dos católicos, que foram deportados à força, os clérigos de outras confissões (evangélicos luteranos, irmãos tchecos e batistas) "foram perseguidos com provocações e por meio de confidentes, mas não foram presos, por isso que não temos dados sobre eles", afirma Sicha.

O memorial, cuja inauguração está prevista para janeiro de 2012, estará localizado em um prédio barroco do santuário e contará com três partes, a primeira dedicada à "filosofia da liquidação da influência da Igreja" e incluirá o confisco do patrimônio, o fechamento de bibliotecas, a operação K (detenção de pessoas) e os sistemas de repressão e interrogatório utilizados pela Polícia política.

Uma segunda parte descreverá a vida nos campos de trabalho e uma terceira abordará a vida nas prisões, explica Sicha.

EFE   
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