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Estados Unidos

Morte de Bin Laden é vitória política de Obama, diz especialista

2 mai 2011 - 12h57
(atualizado às 13h47)
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Luís Bulcão Pinheiro
Direto do Rio de Janeiro

Para o professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas Maurício Santoro, a morte de Bin Laden representa uma virada política de Obama, que até até então vinha sendo contestado. "É uma grande vitória política para Obama. Não só porque foi o presidente que matou Osama Bin Laden, mas porque a morte do terrorista reforça seu argumento de campanha, que era sair do Iraque e se concentrar no Afeganistão e Paquistão, onde se baseava o foco das células terroristas", afirma.

Norte-americanos comemoram nas ruas morte de Bin Laden:

De acordo com o analista, Obama pode agora acelerar o processo de retirada das tropas americanas do Afeganistão e do Paquistão. Maurício acredita que isso possa ser realizado até o final de 2012. "Obama pode vender na campanha a ideia de que as duas guerras, Iraque e Afeganistão, tenham sido vencidas em sua gestão", diz o professor.

Para Maurício, o principal trunfo de Obama é ter obtido uma vitória sólida contra aqueles que o acusavam de ser fraco no combate ao terrorismo. "Isso fora as teorias conspiratórias dos conservadores americanos. Na semana passada, Obama publicou sua certidão de nascimento para provar que tinha nascido nos Estados Unidos. É a primeira vez que um presidente precisa fazer isso na história para comprovar sua legitimidade", afirma.

No entanto, o analista pondera que a morte de Bin Laden não implica em garantia de reeleição. Maurício lembra que mesmo tendo sido o presidente em vigência quando o bloco soviético ruiu, consolidando a supremacia internacional americana, George Bush (pai) não conseguiu se reeleger por ter perdido popularidade diante problemas econômicos internos.

Guerras vencidas?

Para Maurício, as guerras do Iraque e do Afeganistão podem ter sido vencidas, dependendo do conceito de vitória que o governo americano adotar. "Se a definição de vitória for matar Bin Laden e acabar com a Al-Qaeda, então eles podem se considerar vencedores. No entanto, se o objetivo for acabar com os Talibãs e formar um Afeganistão estável e pacífico, a guerra falhou", afirma. O professor lembra que o Talibã continua exercendo forte influência em localidades afegãs e que o país está longe de consolidar um governo estável. De acordo com ele, o mesmo ocorre no Iraque. A vitória sobre o regime de Sadam Husseim ocorreu, mas o país não atingiu estabilidade ou paz.

Base enfraquecida

A morte de Bin Laden, segundo o professor, não representa o fim da Al- Qaeda. No entanto, ele considera que as células terroristas tenham sido enfraquecidas a ponto de deixarem de ser o principal inimigo dos Estados Unidos. "O número dois da Al-Qaeda é uma figura local no Egito, apenas. Não existe alguém com o mesmo potencial de Bin Laden. Mas a Al-Qaeda continua", analisa.

Corpo de Bin Laden e relações com Paquistão

Maurício acredita que a não exibição pública do corpo do terrorista esteja mais relacionada às circunstâncias em que Bin Laden foi morto do que a tentativas de esconder uma falsa morte. "Os Estados Unidos só teriam que se preocupar com provas a partir de agora se surgisse algum indício de que Bin Laden permanece vivo", afirma. De acordo com ele, o modo como Bin Laden foi assassinado é que permanece nebuloso. "Não se sabe se o Paquistão colaborou com informações. Bin Laden estava escondido lá havia dez anos e, até então, os serviços secretos paquistaneses não o haviam entregado. É possível que as tropas americanas tenham chegado sozinhas ao terrorista".

Economia e guerra

Segundo Maurício, as guerras claramente não obtiveram êxito, seja político ou econômico. "Em uma análise mais fria e distanciada do 11 de setembro, os americanos vão se dar conta de que os esforços não compensaram", afirmou. De acordo com ele, os gastos bélicos excessivos durante o governo George W. Bush e sua política de injetar dinheiro na economia contribuíram para a crise mundial.

Osama bin Laden é morto no Paquistão

No final da noite de 1º de maio (madrugada do dia 2 no Brasil), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou a morte do terrorista Osama bin Laden. "A justiça foi feita", afirmou Obama num discurso histórico representando o ápice da chamada "guerra ao terror", iniciada em 2001 pelo seu predecessor, George W. Bush. Osama foi encontrado e morto em uma mansão na cidade paquistanesa de Abbottabad, próxima à capital Islamabad, após meses de investigação secreta dos Estados Unidos .

A morte de Bin Laden - o filho de uma milionária família que acabou por se tornar o principal ícone do terrorismo contemporâneo -, foi recebida com enorme entusiasmo nos Estados Unidos e massivamente saudada pela comunidade internacional. Enquanto a secretária de Estado dos EUA afirmava que a batalha contra o terrorismo continua, o alerta disseminado em aeroportos horas depois da notícia simboliza a incerteza do impacto efetivo da morte de Bin Laden no presente e no futuro.

Fonte: Especial para Terra
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