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Estados Unidos

Especialista: mundo não está mais seguro com morte de Bin Laden

2 mai 2011 - 08h25
(atualizado às 10h19)
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Ulisses Neto
Direto de Londres

Muito importante para os americanos, mas pouco significativa para o resto do mundo. Assim Paul Rogers classifica a ação dos Estados Unidos no território do Paquistão, que resultou na morte de Osama bin Laden, o terrorista mais procurado do mundo. O professor do departamento de Relações Internacionais da Universidade de Bradford, na Inglaterra, explica que a Al-Qaeda já não dependia de Bin Laden para arquitetar suas operações ao redor do planeta. Atualmente, o terrorista representava um símbolo do grupo, mas não arquitetava ações há algum tempo. O britânico, especialista em terrorismo e segurança no Oriente Médio, fala sobre a repercussão da morte do número 1 da Al-Qaeda nas ações extremistas.

Qual a consequência da morte de Bin Laden para a guerra contra o terror?

Para os americanos, sem dúvida alguma, é uma notícia muito bem-vinda que será celebrada por algum tempo. No entanto, para a guerra contra o terror em si há uma importância muito menor. Ultimamente, Bin Laden era mais um alvo a ser perseguido, um ícone do terrorismo. A Al-Qaeda é hoje um movimento muito mais disperso ao redor do mundo do que era em 2001. Dessa forma, a ideia de que Bin Laden atuava como um líder supremo, que comandava tudo, já não correspondia com a realidade há algum tempo.

E de que forma a morte dele afeta a coordenação a Al-Qaeda?

As articulações do grupo vão seguir da mesma forma que já vinham ocorrendo. Podemos esperar a ascensão ainda mais significativa de uma figura proeminente da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri. O egípcío é responsável pela arquitetura militar do grupo e pelo que se sabe, até o momento ele não foi morto ou capturado.

Portanto, na sua opinião, o mundo não está mais seguro sem Bin Laden.

Acho que teremos mais problemas, na realidade. Aparentemente, os recentes ataques terroristas no Marrocos não estavam ligados de forma direta a Al-Qaeda. Mas, informalmente, há uma cooperação com o grupo. Por isso, reafirmo: esse é um movimento muito disperso ao redor do planeta, que depende hoje muito mais de ações individuais. E isso vai continuar mesmo sem uma liderança central.

Para o senhor, a morte de Bin Laden seria então uma ação mais simbólica do que efetiva?

É uma grande conquista simbólica para os EUA, sem dúvida. Mas, na verdade, Bin Laden foi morto em uma espécie de fortaleza dentro de uma grande cidade militar do Paquistão. Ele não estava escondido em nenhuma caverna ou buraco do Afeganistão. Por isso, muitas perguntas agora terão que ser respondidas sobre a possibilidade de figuras políticas paquistanesas estarem acobertando ele. A colaboração do Paquistão com os Estados Unidos enquanto, supostamente, apoia ao mesmo tempo redes terroristas será uma grande questão para o futuro.

A Al-Qaeda deve tentar novos ataques contra o território dos EUA como retaliação?

Não necessariamente. Eles podem ocorrer, é claro. No entanto, é muito mais provável que ações contra os americanos sejam realizadas em alvos do país no exterior do que no seu território propriamente dito. A Al-Qaeda agora está agindo em células reduzidas e espalhadas por praticamente todos os continentes. Por isso, não acredito que ocorram grandes ações espetaculares como em Nova York, Madrid ou Londres.

Morte de Osama bin Laden

Na noite de 1º de maio (madrugada do dia 2 no Brasil), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou a morte do terrorista Osama bin Laden. Antes das forças americanas agirem, o líder dos EUA informou ao presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, que o terrorista havia sido localizado em mansão na cidade de Abbottabad, perto de Islamabad, capital do Paquistão. "Ligamos para o presidente paquistanês para deixar claro que não estávamos declarando guerra ao governo", informou Obama. "Os EUA não estão nem nunca estarão contra o Islã, mas contra a Al-Qaeda e seus líderes", afirmou. Segundo Obama, matar Osama bin Laden era prioridade do governo americano. "A justiça foi feita", disse. Mentor dos ataques de 11/9, Osama bin Laden era o terrorista mais procurado do mundo.

O terrorista Bin Laden era o homem mais procurado do mundo
O terrorista Bin Laden era o homem mais procurado do mundo
Foto: AP
Fonte: Especial para Terra
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