Sob chuva, fiéis fazem vigília por beatificação de Papa

Centenas de fiéis estão reunidos neste sábado no coração de Roma, o Circo Máximo, para uma vigília especial de orações e testemunhos dedicada à beatificação de João Paulo II no domingo. Apesar da chuva e do frio incomum para esta época do ano, a capital italiana foi invadida por peregrinos e turistas e enfeitada com imensos cartazes com fotos do novo beato acompanhadas de algumas de suas frases mais famosas.

"Não podia deixar de presenciar um momento histórico como este. Acabamos de chegar e o clima é incrível", disse a inglesa Patricia Wocial, de 48 anos, que chegou acompanhada de suas duas filhas. "Será uma festa da fé", escreveu o papa Bento XVI em uma mensagem divulgada este sábado pelo jornal da Santa Sé, L'Osservatore Romano, que dá uma dimensão da importância da beatificação do pontífice polonês ao classificá-la de "evento sem precedentes nos últimos dez séculos da história da Igreja".

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A beatificação de Karol Wojtyla, que liderou a Igreja de 1978 a 2005, é a mais rápida da era moderna, comparável apenas à da Madre Teresa de Calcutá, já que ocorre a apenas seis anos e 20 dias de sua morte, ocorrida em 2 de abril de 2005. A primeira vez em séculos que um pontífice proclama beato seu antecessor, será festejada pela Igreja Católica com grande pompa, com três dias dedicados à cerimônia, de 30 de abril a 2 de maio, em homenagem a um dos Papas mais carismáticos, símbolo da era global, depois de ter percorrido o planeta, realizando 104 viagens ao exterior e utilizando diversos meios de comunicação para propagar suas mensagens.

"Existe a possibilidade de que sua canonização seja realizada em breve", reconheceu neste sábado o cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, que contou que chegaram "de todas as partes do mundo" registros de novos milagres atribuídos a João Paulo II. Para ser santo é preciso ter intercedido em um segundo milagre, para o qual é aberto um novo processo, que em alguns casos pode levar séculos.

A freira francesa Marie Simon-Pierre, de 50 anos, cuja cura milagrosa do Mal de Parkinson abriu caminho para a beatificação do primeiro Papa eslavo da história, está entre os testemunhos que participam da vigília organizada no Circo Máximo. Estão presentes também duas figuras próximas e importantes para o longo pontificado de João Paulo II, de quase 27 anos: o espanhol Joaquín Navarro-Valls, primeiro chefe de imprensa laico da Santa Sé e o cardeal polonês Stanislaw Dziwisz, que foi por mais de 40 anos o secretário particular de Karol Wojtyla, considerado seu "filho adotivo".

Animada pelo Coro da Diocese de Roma e pela Orquestra do Conservatório de Santa Cecília acompanhados pelo coro da comunidade filipina de Roma e pelo coro Gaudium Poloniae, a vigília percorre a vida do novo beato na esplanada do Circo Máximo, antiga pista para corridas de bigas durante o Império Romano. "Também reviveremos com imagens os últimos meses do pontificado de João Paulo II, marcados pelo sofrimento", havia contado antes da realização da vigília um dos organizadores do evento, monsenhor Marco Frisina.

Devido ao mal tempo, a maioria dos peregrinos, cerca de 100 mil, se refugiou nos templos da Cidade Eterna. Oito igrejas, localizadas ao longo do trajeto (cerca de 3 km) que do Circo Máximo leva à Basílica de São Pedro - onde será celebrada a beatificação no domingo -, permanecerão abertas até o amanhecer e os fiéis poderão se confessar em vários idiomas.

Após a cerimônia solene de domingo presidida por Bento XVI na Praça São Pedro, acompanhada por 22 chefes de Estado e de Governo, o caixão de João Paulo II será exposto na Basílica para a veneração dos fiéis. Na segunda-feira, uma missa de agradecimento encerrará as celebrações em homenagem ao chamado "Papa magno".