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Mundo

Manifestantes do Iêmen rejeitam mediação de países do Golfo

24 abr 2011 - 08h35
(atualizado às 08h57)
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O partido do presidente iemenita, Ali Abdullah Saleh, aceitou o plano proposto pelos países do Golfo para colocar fim à crise depois do "sim" com condições da oposição, mas os manifestantes das ruas não querem negociar e exigem a saída imediata do chefe de Estado.

"Há consenso para rejeitar essa iniciativa", declarou neste domingo Abdel Malik Al Yusufi, um dos líderes dos manifestantes que acampam na praça da Universidade de Sanaa, epicentro do protesto.

Os jovens protagonistas dessas manifestações, como outras em todo o Iêmen, estão muito determinados à mudança de regime sem declarar preferência política alguma e, aparentemente, atuando independentemente dos partidos políticos tradicionais.

"A iniciativa dos países do Golfo aborda o problema como se fosse uma crise entre dois partidos políticos, mas saímos nas ruas para pedir uma mudança global", completou Yusufi.

Ahmed al Wafi, outro dirigente da contestação em Taez, segunda maior cidade do país no sudoeste e um dos principais focos das manifestações, estimou que o presidente Saleh, no poder há 32 anos, apenas tenta "ganhar tempo".

"Os jovens só aceitarão uma saída imediata de Saleh e não estão envolvidos em nenhuma negociação", disse à AFP, afirmando que a oposição parlamentar "terminará por seguir os manifestantes".

"Nos manteremos nos locais de protesto e temos a intenção de reativar a contestação pacífica", disse.

No sábado, o partido governista, o Congresso Popular Geral (CPG), aceitou o plano para sair da crise apresentado pelo Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), que prevê a saída do presidente Saleh em algumas semanas.

Os Estados Unidos, para os quais um Iêmen estável é essencial para sua luta contra a Al-Qaeda, cumprimentou imediatamente o plano proposto e apoiou todas as partes a realizar "rapidamente" uma transição política.

"Aplaudimos os anúncios do governo iemenita e da oposição, que aceitam a iniciativa do CCG para sair pacificamente e de forma ordenada da crise política", declarou em um comunicado o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

Os países do CCG, preocupados com a crise iemenita que começou em janeiro e que, segundo fontes médicas, já deixou mais de 130 mortos, propuseram a formação de um governo de união nacional, e que Saleh transfira suas prerrogativas ao vice-presidente e que as manifestações acabem.

O presidente teria de renunciar em 30 dias e uma eleição presidencial ocorreria 60 dias depois.

Segundo um alto responsável da oposição, a proposta prevê também "a promulgação de uma lei de anistia", oferecendo a Saleh garantias de que não será julgado depois de deixar o poder.

Antes do anúncio do partido presidencial, a oposição parlamentar indicou que aceitava o plano, com exceção do ponto que prevê a formação, com participação de Saleh, de um governo de união nacional.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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