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Mundo

Paris reduz tensão com Itália, mas mantém rigor com tunisianos

18 abr 2011 - 14h56
(atualizado às 15h00)
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Paris tenta evitar o aumento da tensão diplomática com Roma surgida após a concessão na Itália de permissões temporárias de residência a milhares de imigrantes tunisianos, mas insistiu nesta segunda-feira que só deixará atravessar suas fronteiras aqueles que tiverem suficientes recursos financeiros.

O ministro francês do Interior, Claude Guéant, respondeu desta forma o ministro italiano de Relações Exteriores, Franco Frattini, que qualificou de "surpreendente" a decisão de Paris de bloquear ontem durante algumas horas o tráfego de trens entre a cidade italiana de Ventimiglia e a francesa de Menton.

Segundo Frattini, a França teme uma avalanche de imigrantes oriundos da Tunísia, e por isso pôs em risco os princípios de uma Europa sem fronteiras internas.

O governo da Itália pediu a seu embaixador em Paris que apresente um protesto formal em relação à medida. Ao mesmo tempo, manifestou a esperança de que a polêmica seja solucionada antes da cúpula bilateral que reunirá em Roma no próximo dia 26 de abril o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o chefe de governo italiano, Silvio Berlusconi.

Já a comissária europeia do Interior, Cecilia Malmström, afirmou que a França não desrespeitou a regra da União Europeia sobre a livre circulação de cidadãos alegando "razões de ordem pública".

Paris argumentou que a decisão de interromper o tráfego de trens foi tomada para evitar incidentes, já que cerca de 300 pessoas organizaram uma manifestação à qual chamaram "trem da dignidade".

"Foi uma interrupção temporária única", que "não afeta o Regulamento de Controle de Fronteiras de Schengen", disse Malmström, que pediu que França e Itália resolvam a disputa que mantêm desde a decisão de Roma de conceder mais de 20 mil permissões de residência temporária a imigrantes vindos da Tunísia.

A diplomacia francesa mostrou disposição em dar fim à polêmica, segundo informações de seu Ministério de Relações Exteriores, que através de um porta-voz disse que seu governo trabalha com parceiros comunitários, entre eles a Itália, para enfrentar os "grandes desafios migratórios".

Ainda de acordo com o ministério, para resolver as "tensões migratórias" atuais é preciso "encontrar soluções duradouras, conformes ao direito e à dignidade das pessoas".

A notícia, que não gerou muitas reações na França às vésperas das férias de Semana Santa, serviu para que a extrema-direita da Frente Nacional (FN), cada vez melhor situada nas pesquisas às vésperas das eleições presidenciais de 2012, voltasse a pedir o fim do acordo Schengen (sobre livre circulação de pessoas em grande parte da Europa).

O líder desse partido, Marine Le Pen, disse em nota oficial que encerrar a livre circulação na UE é "a única solução para evitar o desembarque de clandestinos na França", imersa já "em um contexto de imigração ilegal em massa".

Os imigrantes bloqueados na fronteira mediterrânea entre França e Itália, no entanto, tentam chegar a terras francesas por outras conexões ao longo da fronteira transalpina. A associação de ajuda aos imigrantes "França Terra de Asilo" informou à Agência Efe que a maioria dessas pessoas têm parentes ou amigos na França, e por isso não necessariamente se dirigem a associações de amparo, o que dificulta a elaboração de um censo.

EFE   
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