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América Latina

Cuba realiza decisivo congresso comunista para traçar rumos

15 abr 2011 - 17h01
(atualizado às 17h41)
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Cuba abrirá neste sábado o decisivo Congresso do Partido Comunista, um encontro que deverá traçar os rumos do país e que, "por lei da natureza", será o último da "geração histórica" da Revolução. O sexto congresso comunista, o primeiro desde 1997 e que acontece após vários adiamentos, será realizado para determinar o alcance das reformas econômicas "estruturais" prometidas pelo presidente Raúl Castro para tirar a ilha da aguda crise que padece há décadas.

O Congresso do Partido Comunista de Cuba se propõe a ratificar a "atualização" do modelo econômico cubano com um plano de ajustes que abre brechas para a iniciativa privada, mas sem renunciar ao socialismo e com um olho na preservação das "conquistas" de uma revolução que completou 52 anos. Não em vão, a abertura da reunião coincidiu com o 50º aniversário da proclamação do caráter socialista da Revolução, seguida da vitória cubana sobre os invasores anticastristas treinados pela CIA (serviço secreto americano), que desembarcaram na Praia de Girón, na Baía dos Porcos, em 1961.

Para encenar o simbolismo do encontro, horas antes da abertura do congresso será realizado em Havana um desfile militar e uma marcha popular que devem contar com grande participação dos cubanos. Nesta sexta-feira, eram feitos os últimos preparativos para o desfile na Praça da Revolução, onde já há bandeiras, alto-falantes, equipamentos de transmissão e várias fileiras de cadeiras para os convidados, diante de um grande painel com o cartaz "Girón: Vitória do Socialismo".

Na Biblioteca e no Teatro Nacional, dois dos edifícios localizados nos laterais da praça, há um cartaz que diz: "Pátria ou Morte, Venceremos", e outro com frases e uma imagem do líder cubano Fidel Castro na batalha da Baía dos Porcos. Nas vitrines e instituições situadas em avenidas próximas também há bandeiras cubanas e cartazes alusivos ao congresso, com vivas ao socialismo, à revolução e a seus líderes.

O ex-presidente Fidel Castro se "somou" nesta sexta-feira às comemorações pela vitória da Baía dos Porcos e a proclamação do socialismo com novas "Reflexões", nas quais rememora detalhes da invasão. Após o desfile militar, será aberto neste sábado à tarde o VI Congresso do Partido Comunista de Cuba no Palácio de Convenções da capital do país, com a presença de mil delegados - número inferior a encontros anteriores - que se reunirão até a próxima terça-feira, dia 19, quando ocorrerá o encerramento do evento.

O próprio presidente Raúl Castro, 79 anos, destacou que "por lei natural" este encontro será o último da "geração histórica" da Revolução liderada por seu irmão, afastado do poder desde 2006 devido a uma grave doença. De fato, Fidel, 84 anos, chega ao congresso como "um soldado das ideias", segundo sua própria definição, após ter confirmado recentemente que, quando adoeceu há cinco anos, renunciou "sem vacilação" a todos os seus cargos, incluindo o de primeiro-secretário de seu partido, e que nunca tentou voltar a exercê-los.

Por essa razão, muitos esperam que neste congresso seja "formalizada" a renúncia do ex-líder e sua substituição por Raúl Castro no maior posto do Partido Comunista de Cuba, organização que a Constituição do país define como "força dirigente superior da sociedade e do Estado". O congresso também deverá nomear seu comitê central, uma decisão que muitos observadores aguardam com expectativa devido à possibilidade de que o perfil de seus integrantes forneça pistas sobre a nova geração da revolução cubana.

Em todo caso, Raúl Castro anunciou para depois do congresso a realização de uma Conferência Nacional do Partido Comunista de Cuba ainda em 2011. O objetivo será analisar a modificação de "métodos e estilos de trabalho" dentro da organização, sob a premissa de que o partido "deve dirigir e controlar, mas não interferir nas atividades do governo". Embora sejam esperadas importantes decisões do congresso que começa neste sábado, muitos cubanos o enxergam com indiferença e estão mais preocupados em resolver seu complicado dia a dia.

EFE   
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