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Mundo

Ouattara promete pacificação marfinense em até 2 meses

13 abr 2011 - 16h19
(atualizado às 16h54)
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O presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, prometeu nesta quarta-feira aos marfinenses a "total pacificação" da nação em "um ou dois meses", depois que a Missão das Nações Unidas no país (Onuci) e a operação francesa Licorne interceptarem todas as armas ilegais que circulam no país.

Alassane Ouattara concede entrevista em Abidjan e fala sobre a segurança na Costa do Marfim
Alassane Ouattara concede entrevista em Abidjan e fala sobre a segurança na Costa do Marfim
Foto: AP

Segundo Ouattara, os milicianos e mercenários contratados pelo presidente deposto Laurent Gbagbo, que se negou a reconhecer sua derrota nas eleições de novembro passado, são os responsáveis por todos os incidentes violentos registrados no país nas últimas semanas. "A prioridade deve ser libertar Abidjan e o resto do país dos milicianos e mercenários, a quem exijo que deponham as armas imediatamente", afirmou Ouattara à imprensa.

Além disso, pediu que não haja represálias aos seguidores de Gbagbo. "Faremos o possível para proteger todos os marfinenses da mesma maneira, independentemente de sua etnia, religião ou tendência política", ressaltou Ouattara. Segundo o governante, suas prioridades atuais, após quatro meses de enfrentamentos, consistem em "garantir a segurança dos marfinenses, manter a ordem pública e favorecer a reativação do país".

No entanto, após a detenção de Gbagbo na segunda-feira passada, várias testemunhas informaram sobre ataques aos partidários de Gbagbo em Abidjan, especialmente no distrito de Yopougon. Por outro lado, Ouattara anunciou que está sendo realizada uma investigação para esclarecer quais foram as circunstâncias dos massacres registrados no final de março no oeste do país.

Segundo a organização Caritas Internationalis, nesses confrontos cerca de mil pessoas morreram ou desapareceram na cidade de Duékoué. "Condeno estes massacres e ordenei ao ministro da Justiça uma investigação nacional que está em transcurso", assegurou Ouattara na entrevista coletiva.

Segundo o presidente marfinense, também foi solicitada uma investigação internacional sobre os massacres, por isso uma missão da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas viajará em breve a Abidjan. Além disso, Ouattara informou nesta quarta-feira que deixará o Hotel Golf, onde assentou sua sede governamental após Gbagbo ter se negado a aceitar sua derrota nas eleições de novembro passado, e que passará a ocupar o Palácio Presidencial na semana que vem.

"Vou me instalar no Palácio Presidencial nos próximos dias", declarou Ouattara. Além disso, o presidente marfinense atribuiu uma residência vigiada a Gbagbo, que após sua detenção na segunda-feira passada foi trasladado pelas Forças Republicanas da Costa do Marfim (FRCI) ao Hotel Golf.

A ministra da Justiça e Direitos Humanos de Ouattara, Ahoussou Jeannot Kouadio, assinalou em comunicado que, "até a abertura de uma investigação judicial, Laurent Gbagbo e alguns de seus companheiros estão obrigados a se submeter a uma medida de prisão domiciliar", mas não forneceu mais detalhes. O governante da Costa do Marfim anunciou ainda o imediato reatamento das exportações de cacau, assim como a reabilitação da linha de ferrovia de Abidjan a Bouaké, em colaboração com a empresa francesa Bolloré, para permitir o transporte de mercadorias em ambas as direções.

Apesar de a situação parecer calma na Costa do Marfim após duas semanas de intensos combates, a ONU alertou nesta quarta-feira que o país continua enfrentando grandes desafios em matéria de segurança, saúde e condições humanitárias. A Costa do Marfim se viu imersa em uma intensa crise depois que Gbagbo, presidente do país desde 2000, se negou a aceitar sua derrota para Ouattara no pleito de novembro passado, o que levou a uma gradual intensificação dos enfrentamentos entre partidários dos dois políticos.

Na segunda-feira passada, as FRCI, com a ajuda da Onuci e dos soldados da operação francesa Licorne, conseguiram atacar a Residência Presidencial, onde Gbagbo estava refugiado, e prendê-lo.

Costa do Marfim: da eleição presidencial a nova guerra civil

Em 28 de novembro de 2010, os eleitores da Costa do Marfim foram às urnas na esperança de escolher o novo presidente para um país que há menos de 10 anos vivera uma violenta guerra civil. No entanto, quatro meses depois, quando o novo governo já poderia estar em plena gestação, o país se encontra dividido entre forças rivais que disputam a vitória eleitoral e, com ela, a liderança legítima da nação.

De um lado está Laurent Gbagbo, presidente desde 2000 e com sede no Sul do país; do outro, Alassane Ouattara, sediado no Norte e com amplo apoio da comunidade internacional. Enquanto a pressão pela renúncia de Gbagbo cresce e o avanço de Ouattara em direção a Abidjan se concretiza, o país se aproxima de guerra civil, na qual dezenas de milhares morreram e milhares deixaram o país.

EFE   
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