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Ásia

Protestos em Kandahar por queima de Alcorão deixam 10 mortos

2 abr 2011 - 04h55
(atualizado às 13h34)
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Dez pessoas morreram neste sábado em Kandahar em novos protestos contra a recente queima de um exemplar do Alcorão nos Estados Unidos, um dia depois da morte de sete funcionários da ONU no ataque mais violento contra as Nações Unidas desde a invasão do Afeganistão em 2001.

Afegãos queimam bandeira americana durante protesto na província de Herat, contra pastor americano que queimou Alcorão
Afegãos queimam bandeira americana durante protesto na província de Herat, contra pastor americano que queimou Alcorão
Foto: AP

Os protestos deste sábado começaram no centro de Kandahar (sul do Afeganistão) e se ampliaram a outros pontos. A polícia enfrentou os manifestantes, que seguiam para os escritórios da ONU e para os edifícios do governo provincial.

Segundo o médico Daud Farhad, diretor do principal hospital de Kandahar, antiga capital do regime talibã, os protestos terminaram com 10 mortos e 83 feridos. Todos os mortos são manifestantes. Entre os feridos estão um membro da agência de inteligência e um policial. Outro médico, Abdul Qayum Pujla, afirmou que as vítimas foram feridas por tiros ou pedradas.

As autoridades provinciais acusaram os "inimigos do povo e do Afeganistão", termo habitualmente utilizado para designar os talibãs, de terem se infiltrado na manifestação. Também anunciaram que 17 pessoas foram detidas.

Ao meio-dia, apenas 800 manifestantes, alguns armados com pedaços de pau, ocupavam a principal praça do centro de Kandahar. Pela manhã, milhares de manifestantes divididos em vários grupos protestaram por vários bairros. Os manifestantes atacaram edifícios públicos e privados, e incendiaram veículos. A polícia atirou para o alto para tentar impedir o avanço dos manifestantes até os escritórios das Nações Unidas e aos prédios administrativos.

Os manifestantes gritavam frases como "Morte aos Estados Unidos" e "Morte a (Hamid) Karzai", o presidente afegão. "Insultaram o nosso Alcorão", gritou um deles. Uma coluna de fumaça era observada em vários bairros da cidade. Manifestantes retiraram dois corpos de Chawk Saheedan, área do centro da cidade onde o protesto teve início.

Na sexta-feira, sete funcionários estrangeiros da ONU, quatro guardas nepaleses e três europeus, morreram em um protesto similar na cidade de Mazar-i-Sharif, norte do país. Os talibãs assumiram a reponsabilidade do ataque, no qual parte do complexo da ONU foi incendiado. O governador da província de Balj, Ata Mohammad Noor, informou que outras cinco pessoas, supostamente manifestantes, morreram e pelo menos 20 ficaram feridas. Vinte foram detidas.

"Alguns manifestantes estavam claramente armados e invadiram o edifício para queimar o local", afirmou em Nova York o diretor de operações para manutenção da paz da ONU, Alain Le Roy. O ataque de sexta-feira foi o mais grave sofrido pela ONU desde um atentado com bomba que teve como alvo escritórios das Nações Unidas em 2007 em Argel, com um balanço de 17 funcionários mortos.

O Conselho de Segurança da ONU celebrou uma reunião especial na sexta-feira e pediu ao governo afegão que reforce a proteção dos funcionários das Nações Unidas. Os protestos foram motivados pela queima de um exemplar do Alcorão no Dove World Outreach Center, uma igreja evangélica de Gainesville, Flórida, no dia 20 de março. O pastor Terry Jones, líder da igreja, afirmou: "Não nos sentimos responsáveis pelo ataque, porque os elementos radicais do islã estão usando (a queima) como desculpar para promover suas atividades violentas".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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