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Estados Unidos

Obama selará no Chile relação com um dos melhores aliados

16 mar 2011 - 20h07
(atualizado às 20h36)
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A visita ao Chile do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, servirá para selar a boa relação com um de seus melhores aliados latino-americanos, com o qual mantém uma crescente troca comercial e cujo modelo político deseja expor como exemplo para a região. "Ambos os países professam um respeito mútuo", disse o vice-presidente americano, Joseph Biden, que há dois anos escolheu precisamente o Chile para sua primeira viagem oficial à América Latina.

No próximo dia 21, Obama chegará com uma agenda muito acirrada, porque em apenas 24 horas debaterá com as autoridades chilenas sobre energia atômica, livre-comércio, fortalecimento das instituições, meio ambiente e educação. Cinquenta anos depois de o presidente John F. Kennedy ter lançado o programa de ajuda econômica e social para a América Latina conhecido como Aliança para o Progresso, Obama pronunciará em Santiago um "histórico" discurso dirigido a toda a região.

Os analistas políticos consultados pela Agência Efe consideram improvável que nesse discurso Obama teça críticas aos países do chamado "eixo bolivariano", ao qual pertencem Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua. "Será um discurso pragmático, no qual exporá sua visão do mundo e da região", declarou o professor Peter Lewis, especialista em ciência política e relações internacionais.

A chegada de Barack Obama à Casa Branca representou o fim da política unilateral de George W. Bush e o começo de uma nova etapa na relação entre Estados Unidos e América Latina. É por isso que "esta visita é muito positiva para a região, e para o Chile em particular", afirmou Lewis.

"O presidente dos Estados Unidos elegeu o Chile pela visão mundial compartilhada pelos dois países, mas, sobretudo, porque os ambos são membros do Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico, e entendem que o crescimento da economia está cada vez mais orientado para esta região", disse o especialista.

Na última década, os Estados Unidos investiram no Chile US$ 7,111 bilhões, e a troca comercial no último ano superou a casa de US$ 18 bilhões graças ao Tratado de Livre-Comércio que que entrou em vigor em 2004. Embora o volume de intercâmbio que existia antes do acordo praticamente tenha duplicado, nos últimos anos os Estados Unidos foram desbancados como primeiro parceiro comercial por China e União Europeia.

A proteção no Chile à propriedade intelectual, que os Estados Unidos consideram pouco firme, é atualmente o principal empecilho para aprofundar a relação comercial. Segundo os analistas, "os Estados Unidos querem mostrar que o modelo aplicado no Chile pode funcionar em outros países pequenos" que atualmente se mostram reticentes a firmar um acordo com a maior economia mundial.

Mas a visita de Obama ao Chile não só se justifica por razões econômicas, "mas também pelo que representa o presidente Sebastián Piñera, que com um governo de centro-direita seguiu aprofundando uma transição iniciada há 20 anos", disse Lewis. Do ponto de vista político, "há um reconhecimento ao Chile por sua trajetória na últimas décadas como um país estável com o qual podem ser mantidas relações duradouras", afirmou à Efe o diretor do Instituto de Estudos Internacionais da Universidad de Chile, José Morandé.

Certamente, o Chile que conhecerá Barack Obama difere muito do país que em 1973 estava na mira da CIA, do Departamento de Estado americano e das companhias multinacionais. No entanto, segundo Morandé, ninguém pensa que Obama pedirá perdão "pela imposição do governo militar" em 1973, nem "renderá tributo a Salvador Allende e aos milhares de chilenos assassinados pela tirania de Augusto Pinochet".

"Ficaria surpreso se Obama fizer um 'mea culpa' por isto, porque já o disse há um ano; voltar a tocar no tema abriria um flanco na política doméstica, o que neste momento não seria muito conveniente", acrescentou. Para o professor, um dos temas mais destacados da agenda bilateral é a análise das carências energéticas do Chile - o calcanhar de Aquiles para o desenvolvimento do país - e a forma como os Estados Unidos podem contribuir neste tema.

EFE   
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