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Europa

França reconhece rebeldes como representantes da Líbia

10 mar 2011 - 07h40
(atualizado às 09h58)
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A França reconheceu o Conselho Nacional de Transição, que reúne a oposição ao regime de Muammar Kadafi, como o único representante legítimo do povo líbio. A presidência francesa pretende enviar um embaixador para a cidade de Benghazi, controlada pelos rebeldes.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

"A França reconhece o Conselho Nacional de Transição como o representante legítimo do povo líbio", afirmou à imprensa Ali Issawi, emissário do Conselho, após uma reunião com o presidente francês Nicolas Sarkozy no Palácio do Eliseu.

A informação foi confirmada pela presidência francesa, o que fez da França o primeiro país a reconhecer o Conselho Nacional como único representante "legítimo".

"Com base neste reconhecimento, vamos abrir uma representação diplomática, nossa embaixada em Paris, e um embaixador da França será enviado a Benghazi", declarou Issawi.

"Este embaixador ficará de forma provisória em Benghazi, antes de seguir para Trípoli", completou. A presidência francesa também confirmou os envios de embaixadores entre Paris e Benghazi.

O reconhecimento acontece um dia antes de uma reunião extraordinária de chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), em Bruxelas, para abordar a situação na Líbia.

Durante o conselho europeu, o presidente francês vai propor um "plano global" para enfrentar a crise líbia.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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