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Mundo

União Africana não permitirá intervenção na Líbia, diz TV

8 mar 2011 - 13h58
(atualizado às 14h09)
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O coronel Muammar Kadafi falou por telefone com o chefe de Estado da Guiné Equatorial e presidente rotativo da União Africana (UA), Teodoro Obiang Nguema, que, segundo anunciou a televisão estatal líbia, não permitirá uma "intervenção estrangeira". O governante teria dito ao coronel Muammar Kadafi que defenderá como, presidente rotativo da UA, a política de não-intervenção nos assuntos internos da organização pan-africana.

A televisão estatal líbia exibiu um grupo de detidos, supostamente prisioneiros capturados nos combates em Ben Jawad, no meio do caminho entre Sirte e o enclave petrolífero de Ras Lanuf em mãos rebeldes. Cerca de 10 supostos milicianos, com as mãos amarradas às costas e com os rostos no chão, foram exibidos nas imagens gravadas nessa localidade e tachados de "máfia terrorista", que é reiteradamente associada com a Al Qaeda nos telejornais estatais líbios.

Embora as imagens tomadas pela televisão estatal mostrassem os restos dos combates na localidade, não foram exibidas em nenhum momento concentrações de tropas ou movimentos dos brigadistas de Kadafi e o povo aparecia totalmente deserto nas imagens do informativo. As televisão líbia continua atribuindo a homens armados e apoiados pela Al Qaeada os conflitos no país, e nesta terça-feira exibiu um brigadista, que com uma metralhadora em ristre, ameaçava os rebeldes em árabe e em inglês.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido. Muitas dezenas de milhares já deixaram o país.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte. Desde então, as aparições televisivas do líder líbio têm sido frequentes, variando de mensagens em que fala do amor da população até discursos em que promete vazar os olhos da oposição.

Não apenas o clamor das ruas, mas também a pressão política cresce contra o coronel. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade. Mais recentemente, o Tribunal Penal Internacional iniciou investigações sobre as ações de Kadafi, contra quem também a Interpol emitiu um alerta internacional.

EFE   
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