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Ásia

Após ataque a crianças, Karzai pede fim de mortes de civis

6 mar 2011 - 15h26
(atualizado às 16h30)
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O presidente afegão, Hamid Karzai, pediu neste domingo às forças da Otan que "deixem de matar civis" e considerou insuficientes as desculpas apresentadas por seu comandante após a morte de nove crianças em um novo erro militar, o que provocou a ira da população afegã. Cerca de 500 pessoas se manifestaram neste domingo no centro de Cabul para denunciar as recentes vítimas civis das operações militares da Otan, entre elas as crianças mortas na terça-feira no leste do país.

"Em nome do povo afegão, quero que deixem de matar civis", declarou o presidente Karzai ao general americano David Petraeus durante um conselho de ministros, no qual o comandante da força da Otan no Afeganistão (Isaf) esteve presente. "As desculpas do general Petraeus não são suficientes", advertiu, ressaltando que "as vítimas civis são a principal causa do deterioramento das relações entre Afeganistão e Estados Unidos". "A população está farta destes incidentes, e nem as desculpas nem as condenações aliviam a dor" das famílias das vítimas, acrescentou.

A Isaf é acusada de ter matado diversos civis em duas ocasiões na província de Kunar (leste), feudo talibã localizado na fronteira com Paquistão, reativando assim uma recorrente polêmica entre Cabul e seu aliado internacional. Segundo testemunhas afegãs, a Isaf matou na terça-feira nove crianças que recolhiam lenha. A Isaf já foi acusada de matar 65 civis 10 dias antes.

Karzai denunciou estes dois incidentes e exortou a Otan a pôr fim a estes "assassinatos" que, segundo ele, colocam a população do lado da rebelião liderada pelos talibãs. A morte das nove crianças adquiriu tal magnitude que o presidente americano, Barack Obama, fez chegar a Karzai seu "profundo pesar". Na véspera, o general Petraeus já havia se desculpado por esta "tragédia", assumindo sua responsabilidade.

Segundo a Isaf, que iniciou uma investigação, as vítimas foram mortas por erro por um helicóptero de combate convocado como reforço depois que rebeldes atacaram uma base militar americana. Em Cabul, os manifestantes se reuniram no centro da cidade gritando "morte aos Estados Unidos, morte ao invasor", ou "morte ao governo do presidente Karzai", que chegou ao poder no fim de 2001 com o apoio dos Estados Unidos e de seus aliados.

"Ocupação = assassinatos + destruição", podia ser lido em um cartaz carregado por uma mulher com véu, entre outros diversos slogans contra os Estados Unidos. Por outro lado, no instável sudeste do país, fronteiriço com o Paquistão, 12 civis morreram após a explosão de uma bomba na passagem de seus veículos, segundo as autoridades locais, que responsabilizaram os talibãs.

Os civis são as maiores vítimas do conflito afegão. Pelo menos 2,4 mil morreram em 2010, segundo a ONG afegã Afghan Rights Monitor, que considera que dois terços delas foram vítimas de bombas e ataques dos insurgentes e 21% das operações das forças internacionais.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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