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Mundo

Filho de Kadafi acredita que crise abrirá caminho para reformas

4 mar 2011 - 14h04
(atualizado às 14h40)
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O filho de Muammar Kadafi, Saif al Islam, acredita que a Líbia vai superar a crise atual e que vai surgir como uma nova nação com novas leis e reformas políticas que vão garantir um sistema democrático. "Temos só uma direção: ir adiante. Mais liberdade e mais democracia, temos que reformar de A a Z", afirmou Saif al Islam Kadafi em entrevista divulgada nesta sexta-feira pela emissora Al Jazeera.

info infográfico líbia infromações sobre o país
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Foto: AFP

O filho de Kadafi, a figura que o regime líbio está utilizando para resistir o que considera uma campanha contra si, disse que há 10 anos vem falando em aumentar os canais democráticos no país. "Agora, por outro lado, há pessoas que querem dividir o país em 3 ou 4 estados, está aterrorizando à população e a estão armando. Agora é diferente", acrescentou Saif al Islam, que se apresentava como um possível herdeiro de Muammar Kadafi. "Esperamos que esta crise mude a Líbia e lhe dê outra forma, outro perfil", insistiu.

O filho de Kadafi disse que a rebelião que atinge o país está limitando as áreas do oriente e outros lugares dispersos, mas insistiu que não está tendo impacto em Trípoli e em seus arredores, onde se concentra 70 % da população. Negou categoricamente que o Exército e a Força Aérea tenham bombardeado grupos civis e disse que suas armas só se dirigiram contra "milícias armadas" e para destruir depósitos de munição que podiam cair em mãos de civis. "Não estamos bombardeando o povo, só as milícias armadas, que têm em seu poder armas pesadas, e deixamos à parte os civis", acrescentou.

Saif al Islam, vestido com uma camisa xadrez e falando ao lado de um grande retrato de seu pai, disse que na cidade de Benghazi, tomada por Forças da oposição desde 21 de fevereiro, "há um grande confusão, não há ordem, Governo nem segurança". Também rejeitou a possibilidade que estejam sendo utilizados mercenários para reprimir os protestos populares e disse que se trata unicamente de militares negros de nacionalidade líbia que integram as Forças Armadas locais.

"A metade da população líbia é negra, alguns ministros são negros. Isso é discriminação, não o aceitamos, se trata de cidadãos líbios. Ponto final", insistiu. Ao comparar a rebelião da Líbia com a qual no Egito acabou com o regime de Hosni Mubarak, o filho de Kadafi disse que "no país vizinho se viram milhões de pessoas marchando nas ruas, dia e noite, enquanto na Líbia não". "Cem, 200 pessoas estão tomando o país como refém", acrescentou.

Saif também falou sobre as penas internacionais contra o regime de Kadafi e a decisão de congelar os bens no exterior da família governante, algo que qualificou como "uma brincadeira". "Conhecemos muito bem o Ocidente. Quando você está forte estão com você, quando está fraco estão contra você", acrescentou.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi

Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renuncioue pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbiostambém pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.

EFE   
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