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África

Egito: renúncia de premiê aproxima fim do regime de Mubarak

3 mar 2011 - 14h57
(atualizado às 15h30)
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A revolução egípcia registrou nesta quinta-feira outra vitória com a renúncia de Ahmed Shafiq como chefe de governo, posto para o qual foi designado o ex-ministro de Transportes Esam Sharaf, às vésperas da convocação de mais protestos. O Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito, que dirige o país desde a saída do presidente Hosni Mubarak, no dia 11 de fevereiro, nomeou como primeiro-ministro o engenheiro Esham Sharaf, em substituição a Shafiq.

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Em comunicado, os governantes militares egípcios anunciaram que aceitavam a renúncia de Shafiq, um general reformado da Força Aérea, e que encarregavam Sharaf, 59 anos, da formação de um novo governo. A demissão de Shafiq era uma das principais demandas da oposição e dos manifestantes, que haviam convocado para esta sexta-feira um grande ato para exigir a saída de altos funcionários oriundos do regime de Mubarak.

Um dos porta-vozes do grupo Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, afirmou que a renúncia de Shafiq é "um passo correto", já que sua destituição era uma exigência, visto que "pertencia a um regime que foi derrubado pelo povo". No entanto, Mursi insistiu na necessidade de derrubar a Lei de Emergência, vigente desde 1981, e de julgar os dirigentes corruptos e os responsáveis pela Segurança do Estado que violaram os direitos humanos.

"Queremos que o novo primeiro-ministro cumpra com as demandas do povo e cumprimentamos o Conselho Supremo das Forças Armadas por este passo", acrescentou o porta-voz do movimento islâmico. De certo modo, com esta mudança de liderança a cúpula militar põe fim ao legado de Mubarak, que em 29 de janeiro, pouco antes de renunciar à chefia de Estado, designou Shafiq como primeiro-ministro.

Embora o novo premiê tenha sido ministro dos Transportes entre julho de 2004 e dezembro de 2005, ainda sob o mandato de Mubarak, tornou-se crítico do regime egípcio pouco após abandonar o cargo. "O regime ditatorial foi derrubado com a queda de Mubarak e seu governo. Estamos na trilha correta", avaliou o Movimento 6 de Abril, um dos instigadores da revolução, em uma mensagem divulgada no Twitter.

Já a Coalizão dos Jovens da Revolução de 25 de Janeiro, cujo nome está vinculado ao dia que começaram os protestos, indicou que a renúncia de Shafiq acontece depois que o grupo se reuniu com o Conselho Supremo das Forças Armadas, na semana passada. Um porta-voz da coalizão, Nasser Abdel Hamid, disse à edição digital do jornal Al-Ahram que o grupo espera que mais ministros do antigo regime sejam retirados nos próximos dias, entre eles os titulares de Exteriores, Ahmed Aboul Gheit; de Interior, Mahmoud Wagdy, e de Justiça, Mamdouh Mary.

Abdel Hamid acrescentou que possivelmente as manifestações previstas para esta sexta-feira sejam canceladas, mas afirmou que a coalizão espera realizar mais mobilizações para exigir o cumprimento das demais exigências da revolução. Segundo o jornal, que cita relatórios não confirmados, é possível que o primeiro-ministro designado se dirija nesta sexta-feira à praça Tahrir para repetir diante do povo seu juramento como chefe de governo.

O Nobel da Paz Mohamed ElBaradei também se mostrou satisfeito com a renúncia de Shafiq porque, com esta decisão, "caiu o regime de Mubarak e seu governo". "Estamos no caminho correto", acrescentou ElBaradei, que em mensagem no Twitter agradeceu também à cúpula militar por sua resposta às exigências do povo.

Apesar destas mudanças, os jovens do Movimento 6 de Abril expressaram sua intenção de continuar com os protestos e indicaram que sua próxima tarefa é "derrubar os cabeças da corrupção nas províncias".

EFE   
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