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África

Líbia: Kadafi aparece na TV estatal e diz que está em Trípoli

21 fev 2011 - 21h19
(atualizado às 22h03)
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O líder da Líbia, Muammar Kadafi, apareceu "ao vivo" na televisão estatal na terça-feira (horário local) em imagens transmitidas de sua residência em Bab Al Azizia, na capital Trípoli, para desmentir sua saída do país e desafiou os manifestantes que protestam contra seu governo de 41 anos.

O líder líbio Muamar Kadafi afirmou que está em Trípoli, apesar dos boatos
O líder líbio Muamar Kadafi afirmou que está em Trípoli, apesar dos boatos
Foto: AP

"Estou indo ver os jovens na praça verde. Só para provar que estou em Trípoli e não na Venezuela e desmentir as televisões, esses cachorros", ele disse, de acordo com a emissora Al Arabiya, respondendo às informações divulgadas por várias emissoras de TV e meios de comunicação nesta segunda-feira de que ele teria ido para a Venezuela.

As imagens divulgadas pela TV estatal mostraram Kadafi preparando-se para subir em um carro e protegendo-se da chuva com um guarda-chuva em frente à sua casa em Bab Al Azizia.

Em uma tarja vermelha, a televisão estatal escreveu: "em um encontro direto com a televisão via satélite Al Jamahiriya, o irmão líder da revolução negou os boatos das cadeias tendenciosas".

Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, afirmou ter obtido informações que indicavam que Kadafi estaria a caminho da Venezuela, o que foi negado posteriormente pelo país sul-americano.

O regime do coronel Muamar Kadafi enfrentava protestos de magnitude sem precedentes nesta segunda-feira, e várias cidades líbias caíram em poder dos manifestantes.

Ao menos 250 pessoas morreram nesta segunda-feira em Trípoli atingidas pelos disparos de aviões militares líbios contra manifestantes que pedem a queda do regime de Muammar Kadafi, segundo a rede de televisão Al Jazeera.

Com informações das agências internacionais.

Mundo árabe em convulsão

A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Alie do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.

No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.

Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muamar Kadafi, a população entra em sangrento confronto com as forças de segurança; em meio à onda de violência, um filho de Kadafifoi à TV estatal do país para tirar a legitimidade dos protestos, acusando um "complô" para dividir o país e suas riquezas. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.

Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.

Fonte: Terra
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