PUBLICIDADE

Estados Unidos

Americano que matou paquistaneses trabalhava para a CIA

21 fev 2011 - 16h59
(atualizado às 18h33)
Compartilhar

O funcionário do consulado americano em Lahore, no Paquistão, Raymond Davis, acusado de matar dois paquistaneses que supostamente o perseguiam em duas motocicletas, trabalhava para a CIA (agência de inteligência americana), segundo informou nesta segunda-feira a imprensa americana.

A imprensa, que cita altos funcionários que falaram sob a condição de anonimato, ressalta que Davis, 36 anos e descrito pela representação americana como um "diplomata" que pertence à "equipe técnica e administrativa da embaixada", trabalhava na realidade como contratista independente para a CIA.

O caso gerou tensões entre o Paquistão e os Estados Unidos, que ressaltaram que Davis atuou em defesa própria e deveria ser libertado por ter imunidade diplomática.

No entanto, segundo o The Washington Post, Davis dedicou os últimos dois anos para trabalhar como membro de um grupo encoberto da CIA, cuja missão é vigiar grupos de insurgentes em várias cidades paquistanesas, inclusive Lahore.

O jornal, que cita um funcionário americano, indica que o impacto da divulgação dessa informação é "muito grave", pois vai aumentar as tensões com o Paquistão, que desconfiava que Davis se tratava apenas de um diplomata.

O tribunal de Lahore que julga Davis adiou na semana passada para 14 de março suas audiências sobre o caso para que o Ministério de Assuntos Exteriores paquistanês informasse se o acusado tem imunidade diplomática.

A ambiguidade dos EUA sobre o cargo do acusado e a precisão dos disparos feitos por ele alimentaram as suspeitas em Islamabad de que fosse um contratista ou estivesse ligado ao âmbito da segurança.

Segundo o The Washington Post, quando os disparos foram feitos em 27 de janeiro, Davis estava fazendo um reconhecimento da área para preparar operações de vigilância.

O americano, que já tinha trabalhado para a empresa de segurança Blackwater, foi enviado a Lahore no marco de um plano de segurança mundial da CIA através do qual a agência enviava uma equipe de segurança privada e guarda-costas a regiões em conflito como Afeganistão e Paquistão, informou a cadeia ABC.

As pessoas que fazem parte deste grupo costumam oferecer proteção aos agentes da CIA que se reúnem com fontes clandestinas.

Davis e um grupo de antigos funcionários de outras empresas de segurança viviam em um apartamento em Lahore onde a CIA costuma abrigar esses colaboradores para mantê-los protegidos.

O governo americano manifestou sua preocupação com a situação de Davis, pois ele está em uma prisão com 4 mil presos e há notícias de pelo menos três detentos que foram assassinados pelos guardas na penitenciária.

EFE   
Compartilhar
Publicidade