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Mundo

"Mubarak acabou politicamente, mas o regime não", diz analista

11 fev 2011 - 15h26
(atualizado às 16h06)
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Lúcia Müzell
Direto de Paris

O ditador egípcio Hosni Mubarak bem que tentou, mas não foi capaz de se manter no poder após 18 dias de protestos incessantes no país pedindo a sua queda. Agora, os egípcios vão ter de mostrar que estão preparados para derrubar não apenas o presidente, mas o regime político instalado no Egito há 30 anos. "Mubarak acabou politicamente, não há mais a menor chance de ele exercer qualquer poder no Egito", analisa Barah Mikaïl, pesquisador da Fundação para as Relações Internacionais e o Diálogo (Fride), de Madri, e ex-diretor de pesquisas em Oriente Médio e África do Norte no Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris), de Paris.

Menina é carregada nos ombros pelo pai durante comemorações da renúncia do presidente Hosni Mubarak na praça Tahrir, no Cairo
Menina é carregada nos ombros pelo pai durante comemorações da renúncia do presidente Hosni Mubarak na praça Tahrir, no Cairo
Foto: Reuters

"Agora, a questão vai ser se os egípcios querem derrubar todo o regime ou se vão se contentar com os remanescentes do partido de Mubarak, como o vice-presidente, Omar Suleiman, que não parece estar conseguindo convencer a população, mas até agora não foi alvo de protestos."

Mikaïl assegura que a transição de poder não será tranquila no Egito, a começar pela ausência de nomes aptos a ocupar a Presidência. "Os partidos precisam se organizar rápido, apresentar candidatos e conquistar a população, senão quem vai acabar ascendendo ao poder serão os membros da Irmandade Muçulmana partido islâmico de oposição egípcia que defende um maior distanciamento em relação ao Ocidente". Mikaïl lembra que exemplo da Tunísia, que não está conseguindo organizar as novas eleições, é a prova de que a região ainda não sabe como lidar com a democracia iminente.

O especialista, autor de uma dezena de livros sobre a região e suas relações com o restante do mundo, avalia que, ao realizar um acordo com o Exército do país para poder deixar o poder em segurança, Mubarak visa a conseguir uma saída honrosa da presidência, ao contrário do que aconteceu com o presidente tunisiano Zine Ben Ali, que escapou do país e se refugiou na Arábia Saudita. "A página da ditadura está sendo virada, mas vamos continuar com bastante turbulências por pelo menos mais um mês", disse o analista. "Agora, todos os nomes que sempre foram os mais influentes na política nacional vão querer se distanciar de Mubarak, para não cometerem suicídio político. O problema é que, por enquanto, não restam muitas alternativas a esses nomes."

Fonte: Especial para Terra
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