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Mundo

Entidade acusa Egito de tentar silenciar imprensa com violência

2 fev 2011 - 21h16
(atualizado às 23h33)
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O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês) acusou nesta quarta-feira o governo egípcio de tentar "silenciar as testemunhas" com as agressões contra jornalistas cometidas por partidários do presidente Hosni Mubarak. A organização com sede em Nova York pediu ao Exército do país árabe que proteja os jornalistas que desde semana passada fazem a cobertura jornalística dos protestos populares que exigem uma mudança política nesse país.

Confronto no Egito tem paus, pedras, cavalos e até camelos:

"O governo recorreu à censura total, à intimidação e, hoje, a uma série de ataques deliberados contra jornalistas realizadas por multidões pró-governo", afirmou em comunicado de imprensa o coordenador do CPJ para o Oriente Médio e o Norte da África, Mohamed Abdel Dayem. A situação no Egito após os ataques é "espantosa, não só pelo sofrimento de nossos colegas, mas porque, quando se impede a imprensa de informar, perde-se uma fonte independente de informação crucial", opinou.

Em sua nota, o Comitê cita os casos de vários profissionais que foram agredidos ao longo da quarta-feira por supostos partidários de Mubarak, e em outros casos detidos pela Polícia. Entre eles, há o caso de Ahmed Bajano, correspondente da emissora "Al Arabiya" no Cairo, que teve de ser levado ao hospital por sofrer uma concussão, após ser golpeado por manifestantes pró-governo na praça Mustafa Mahmoud, na capital egípcia.

Também menciona as agressões contra o jornalista da cadeia CNN Anderson Cooper, dois da agência "Associated Press", entre outros. A entidade critica a prisão de quatro jornalistas israelenses por terem supostamente violado o toque de recolher e entrado no país com vistos de turistas.

Protestos convulsionam o Egito

Desde o último dia 25 de janeiro - data que ganhou um caráter histórico, principalmente na internet -, os egípcios protestam pela saída do presidente Hosni Mubarak, que está há 30 anos no poder. No dia 28 as manifestações ganharam uma nova dimensão, fazendo o governo cortar o acesso à rede e declarar toque de recolher. As medidas foram ignoradas pela população, mas Mubarak disse que não sairia. Limitou-se a dizer que buscaria "reformas democráticas" para responder aos anseios da população a partir da formação de um novo governo.

A partir do dia 29, um sábado, a nova administração foi anunciada. Passaram a fazer parte dela o premiê Ahmed Shafiq, general que até então ocupava o cargo de Ministro da Aviação Civil, e o também general Omar Suleiman, que reinaugurou o cargo de vice-presidente, posto inexistente no país desde 1981. A medida, mais uma vez, não surtiu efeito, e os protestos continuaram. No domingo, o presidente egípcio se reuniu com militares e anunciou o retorno da polícia antimotins. A emissora Al Jazeera, que vinha cobrindo de perto os tumultos, foi impedida de funcionar.

Enquanto isso, a oposição seguiu se organizando. O líder opositor Mohamad ElBaradei garantiu que "a mudança chegará" para o Egito. Já os Irmãos Muçulmanos disseram que não iriam dialogar com o novo governo. Na terça, dia 1º de fevereiro, dezenas de milharesde pessoas se reuniram na praça Tahrir para exigir a renúncia de Mubarak. A grandeza dos protestos levou o líder egípcio a anunciar que não participaria das próximas eleições, para delírio da massa reunida no centro do Cairo. Apesar de os protestos de ontem terem sido pacíficos, a ONU estima que cerca de 300 pessoas já tenham morrido no país desde o início dos protestos.



EFE   
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