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Mundo

Autoridades russas libertam jornalista brasileiro após seis dias

1 fev 2011 - 15h25
(atualizado às 18h23)
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As autoridades russas libertaram nesta terça-feira o jornalista brasileiro Solly Harold Boussidan, detido desde a última quinta-feira, dia 27, em um centro de retenção para estrangeiros, sob a alegação de ter exercido a profissão de jornalista no país sem ter autorização necessária. Boussidan foi enviado à região da Abkházia, de onde tentará entrar na Geórgia - último país que esteve antes de entrar na Rússia.

No dia 27, Boussidan foi à prefeitura de Sochi, na Rússia, para se informar sobre as Olimpíadas de Inverno que ocorrerão na cidade em 2014. Lá, afirma ele, foi questionado sobre seu "credenciamento" para exercer a profissão de jornalista no país. Boussidan relata que afirmou ter entrado no país como turista, mas informou sobre sua profissão à imigração. A prefeitura então chamou as autoridades policiais.

A polícia levou o caso às instâncias jurídicas, e um magistrado decidiu pela detenção do brasileiro por até dez dias antes da sua deportação. Ele foi levado para um centro perto da fronteira com a Geórgia, onde dividiu uma cela com outros cinco estrangeiros. Durante o período em que ficou preso, disse que foi privado da higiene básica - pois não havia toalhas para tomar banho - e que recebeu alimentação apenas uma vez ao dia.

"O juiz não levou em consideração o fato de que o Ministério das Relações Exteriores da Rússia se disponibilizou a emitir o credenciamento necessário. Foi uma decisão injusta e totalmente arbitrária, porque não há grandes esforços para conseguir essa autorização. Por que eu iria me arriscar a trabalhar ilegalmente como jornalista na Rússia se trata-se de um processo tão simples?", questionou o brasileiro.

Segundo Boussidan, ele seria mantido detido até o dia 7 de fevereiro, quando um avião o levaria para Berlim (o jornalista também tem cidadania alemã). A libertação foi agilizada quando o ministro das Relações Exteriores da região separatista da Abkházia se disponibilizou a recebê-lo. Então, depois de seis dias detido, Boussidan foi enviado a Sukhumi, capital da Abkházia localizada às margens do Mar Negro.

"A questão agora é como vou sair daqui. Porque só há duas fronteiras: a da Rússia, para onde não posso voltar mais, e a da Geórgia. O problema é que é proibido entrar na Geórgia pela Abkházia quando você vem da Rússia", explicou ele, fazendo referência aos desentendimentos diplomáticos enfrentados pela região. "Estou numa espécie de limbo. Amanhã o meu futuro será decidido", disse ele por telefone ao Terra.

Cumprimento da lei

O Terra entrou em contato com a assessoria de imprensa do Itamaraty, segundo a qual o caso foi decorrente da pura observância da legislação local. "A lei deles deles diz que, se a pessoa vai trabalhar como jornalista, ela tem que ter um visto específico para isso. Ele, quando cruzou a fronteira e entrou na Rússia, disse: venho como turista."

Solly Boussidan tinha, de fato, entrado na Rússia com objetivos turísticos, quando ocorreu o atentado no aeroporto de Domodedovo, em Moscou. Como jornalista, ofereceu reportagens e exerceu sua profissão. Para o Itamaraty, as autoridades russas "não conseguiram entender que na verdade ele ia fazer turismo se não tivesse acontecido o atentado. Eles foram frios aplicando a legislação russa, e o deportaram. Os russos não fizeram nada contra a lei deles".

Nesta condição, Boussidan fica impedido de retornar durante cinco anos à Rússia. O órgão completa que pretende agir no que for possível para contemporizar a decisão da Justiça local. "A nossa embaixada ainda vai tentar pleitear uma revisão da decisão do magistrado russo que determinou a sua deportação."

Já a embaixada brasileira em Moscou informou - durante a negociação diplomática - que ele foi detido por uma decisão da Justiça, poder independente e soberano. E que o juiz russo cumpriu o que estava determinado em lei. Enquanto esteve detido, Boussidan chegou a pedir para sair do país por vias próprias, hipótese negada pelas autoridades russas.

Fonte: Terra
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