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ElBaradei, da diplomacia egípcia à contestação de Mubarak

1 fev 2011 - 16h59
(atualizado às 20h07)
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Mohamad ElBaradei estava em Viena até a semana passada, quando, inspirados pelos vizinhos tunisianos, milhares de egípcios começaram a sair às ruas para iniciar uma onda de protestos sem precedentes contra o autoritário governo do presidente Hosni Mubarak. Nacionalmente, a presença de ElBaradei deu força aos protestos; pessoalmente, é o retorno de um cidadão ao seu país após um período de afastamento e de grande proeminência no cenário internacional.

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ElBaradei nasceu no Cairo, em 1942, filho de uma família de juristas muçulmanos de classe média. Graduado em Direito pela Universidade de sua cidade natal em 1964, começou sua carreira como funcionário no Ministério do Exterior egípcio. Em 1974, doutorou-se em Direito Internacional pela Universidade de Nova York, período em que já desempenhava funções junto à Organização das Nações Unidas (ONU) nos Estados Unidos e na Suíça.

Em 1980 (um ano antes do início da era Mubarak), ElBaradei deixou o serviço egípcio para se dedicar à ONU. Em 1984, iniciou sua caminhada na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), na qual exerceu funções menores até ser eleito Diretor Geral, em 1997. ElBaradei exerceu três mandatos, até deixar o cargo em 2009. Durante esses 12 anos, um dos principais desafios enfrentados pela AIEA foi a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, sob o argumento da presença de armas nucleares no regime de Sadam Hussein. ElBaradei foi um crítico da invasão.

Embora a atuação da AIEA na política do desarmamento nuclear não seja de unânime aceitação, o trabalho de ElBaradei em frente ao órgão foi reconhecido com a concessão do Prêmio Nobel da Paz, em 2005. A Academia sueca justificou a escolha em nome de seus eforços "para prevenir o uso de energia nuclear com fins militares e para garantir que a energia atômica seja usada para objetivos pacíficos e do modo mais seguro possível".

Em 2010, o Egito viveu uma contestada eleição legislativa, na qual o partido de Mubarak - que atualmente está no quinto mandato - emergiu como grande vencedor. Nesse mesmo ano, ElBaradei fundou a Associação Nacional para a Mudança, um organismo de natureza não-partidária dedicado a reformas no sistema político e eleitoral no Egito. ElBaradei, que tem residência no Cairo e em Viena, capital da Áustria, deixou sua cidade natal depois que Mubarak se negou a negociar com advogados membros da Associação, e se exilou na Europa.

Seu retorno na última semana de janeiro de 2011 ao Cairo deu novo teor aos protestos. Ele vem participando ativamente das manifestações e trabalhando como um porta-voz do grito de reformas políticas da sociedade egípcia. ElBaradei, que se recusa a concorrer à presidência enquanto perdurar a estrutura autoritária de Mubarak, disse estar disposto a trabalhar como uma liderança na transição a uma nova era no Egito.

Com informações de Biografías y Vidas, Academy of Achievment/Washington D.C. e Nobelprize.org.

Fonte: Terra
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