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Distúrbios no Mundo Árabe

Manifestantes ocupam centro do Cairo para 6º dia de protestos

30 jan 2011 - 09h20
(atualizado às 10h45)
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Milhares de manifestantes iniciaram pelo sexto dia consecutivo mais protestos no Cairo pedindo a renúncia do presidente, Hosni Mubarak. Eles voltaram à praça principal da capital egípcia, a Tahrir, que é o centro de protestos na cidade, na manhã deste domingo depois do fim do toque de recolher.

Um oficial do Exército egípcio é carregado por manifestantes no centro do Cairo
Um oficial do Exército egípcio é carregado por manifestantes no centro do Cairo
Foto: AFP

O toque de recolher foi remanejado para começar às 16h (horário local, meio-dia em Brasília) e terminar às 8h de domingo (4h em Brasília) no Cairo e nas cidades de Alexandria e Suez. Segundo correspondentes da BBC no Cairo, milhares de pessoas acamparam no local e não foram retiradas, já que não há policiais por perto.

Os soldados foram vistos em tanques e veículos blindados em volta da praça, mas, de acordo com os correspondentes, a relação entre militares e manifestantes aparenta ser amigável, apesar de parecer haver uma trégua frágil entre eles. O domingo é o início da semana de trabalho no Egito, mas a capital não parece estar em um dia normal, com menos pessoas nas ruas e muitas lojas, bancos e empresas fechadas.

Grupos de vigilantes foram formados nos bairros, já que a polícia não é mais vista nas ruas. Os vigilantes se armaram com bastões e algumas armas, além de montar barricadas durante a noite para se proteger de saqueadores. As barricadas começaram a ser desmontadas na manhã de domingo. Apesar dos grupos de vigilantes voluntários, ocorreram saques em várias partes da cidade, incluindo o Museu Nacional.

Os choques entre manifestantes e forças de segurança já teriam deixado cerca de 100 mortos desde o início dos protestos na terça-feira e 2 mil feridos.

Al Jazeera

As autoridades do Egito ordenaram o fechamento da TV árabe Al Jazeera no país, sem explicar o motivo. De acordo com o canal estatal de televisão do Egito, o governo está tomando o credenciamento de todos os jornalistas e funcionários do canal, que tem feito uma cobertura detalhada dos protestos.

O governo chegou a bloquear os serviços de telefonia celular e internet, mas, no sábado, a telefonia celular foi parcialmente retomada. Mubarak empossou o chefe de Inteligencia egípcio, Omar Suleiman, como vice-presidente - cargo que nunca havia sido ocupado nos 31 anos de seu governo. Já o novo primeiro-ministro será Ahmed Shafiq, que antes ocupava o Ministério da Aviação. Ele ficará responsável por formar o novo gabinete.

Estados Unidos

Os líderes dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Alemanha pediram ao presidente Hosni Mubarak que evite a violência e faça as reformas necessárias. O presidente americano, Barack Obama, se reuniu com autoridades de segurança dos Estados Unidos no sábado para discutir a situação no Egito.

Em seguida, a Casa Branca divulgou uma declaração afirmando que vai continuar se concentrando nos "pedidos de moderação, apoiando os direitos universais e medidas concretas para o progresso da reforma política" do Egito. Líderes da Grã-Bretanha, Alemanha e França divulgaram também uma declaração conjunta.

"Pedimos ao presidente Mubarak que evite, de todas as maneiras, o uso de violência contra civis desarmados, e, para os manifestantes, pedimos que exerçam seus direitos pacificamente", afirma a declaração conjunta do primeiro-ministro britânico David Cameron, da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Nicolas Sarkozy.

Estados Unidos, Grã-Bretanha e vários países europeus divulgaram alertas para que seus cidadãos cancelem viagens que não sejam essenciais para o Egito, principalmente às cidades do Cairo, Alexandria, Luxor e Suez. O turismo, uma das principais atividades econômicas do Egito, já foi afetado pelos protestos realizados no país. Militares fecharam o acesso às pirâmides de Gizé, um dos principais destinos.

No aeroporto do Cairo, muitos voos estão atrasados ou foram cancelados devido ao toque de recolher. Milhares de passageiros estão retidos no local, sem ter como voltar para casa.



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