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América Latina

Massagistas cegos curam estresse e doenças dos mexicanos

24 jan 2011 - 10h04
(atualizado às 10h42)
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Uma pequena clínica de massagens da capital mexicana, composta integralmente por profissionais cegos, proporciona há 50 anos aos habitantes alívio para as dores musculares e para o estresse provocado por uma metrópole de 20 milhões de pessoas.

Diariamente, entre 20 e 30 pessoas de todas as idades procuram o Centro Histórico da cidade em busca de alívio e cura para luxações, paralisias faciais, tensão emocional e problemas menores de coluna.

"Fazemos de maneira profissional e com baixo custo para crianças, jovens e adultos", explicou à Agência Efe o massoterapeuta Guillermo Frias, que trabalha há seis anos no centro "Dr. Alfonso Herrera".

São oito massagistas que se dedicam ao trabalho, orgulhosos por desempenhar um emprego digno e não precisar pedir esmola, como muitos outros com deficiências visuais graves.

Em suas portas batem principalmente jovens, "para relaxar das doenças provocadas pelo estresse do trabalho, do trânsito e das pressões da caótica cidade", acrescentou. Problemas que podem causar paralisias faciais e que as mãos especialistas dos cegos se ocupam de curar.

A clínica, que conta com quatro pequenos espaços, exige que seus terapeutas contem com o título de Técnico Profissional em Massoterapia (reabilitação mediante massagem).

Quiroprática, acupuntura e fisioterapia são algumas das técnicas que empregam, apontou outro profissional, Leonardo Guayuca Peralta, que já foi vendedor ambulante mas decidiu mudar de carreira por motivos de superação pessoal.

Don Justo é um dos massagistas mais antigos do centro. Atualmente atende só um paciente por dia, embora conte com um grupo fiel de clientes há mais de 20 anos.

"A maioria dos pacientes fica contente, sente prazer, se cura de dores de cabeça e até do mau humor", sustenta o veterano terapeuta, que em algumas ocasiões sente dores nas mãos quando realiza muitas sessões.

O terapeuta tem suas próprias técnicas com calor úmido, especialmente para os pacientes que buscam "um pouco de relaxamento", ou um pequeno aparelho antigo para aqueles que manifestam dores nas costas. Também usa óleos, cremes, talcos e lâmpadas para realizar seu trabalho.

Aurelia Ortiz é a única mulher terapeuta no lugar, que chama de centro de "esperança e cura", pois "aqui se encontra o alívio de muitas problemas que não nos deixam comer, dormir ou caminhar".

A Cidade do México abriga cerca de 15 associações de cegos, concentradas no Centro Histórico e que realizam, principalmente, atividades culturais.

Também possui a Escola Nacional de Cegos, que ensina ciências humanas e massoterapia, e está dotada da maior biblioteca em braille do país, com 1,5 mil volumes e 700 gravações.

Os últimos números oficiais, publicados em 2005, dão conta de que na capital há 31.576 pessoas com alguma incapacidade visual (0,36% da população).

A maioria dos cegos que procuram o Centro são comerciantes ambulantes, muitos deles vendedores de objetos piratas no metrô.

EFE   
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