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Mundo

"Caravana da libertação" chega à capital da Tunísia

23 jan 2011 - 09h22
(atualizado às 11h06)
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Quase mil jovens tunisianos procedentes do centro rebelde e pobre do país chegaram neste domingo à capital Túnis, com fotos dos "mártires" da 'revolução do jasmim' e gritos de que pretendem derrubar o governo.

Habitantes da região de Sidi Bouzid atravessam os cordões de isolamento durante uma manifestação em frente ao palácio do governo em Túnis
Habitantes da região de Sidi Bouzid atravessam os cordões de isolamento durante uma manifestação em frente ao palácio do governo em Túnis
Foto: AFP

Os manifestantes chegaram de Menzel Buzaian, Sidi Buzib e Regueb, os núcleos mais ativos da rebelião popular que em 14 de janeiro provocou a queda do regime do presidente Zine El Abidine Ben Ali, depois de um mês de distúrbios.

"Chegamos para derrubar os últimos resquícios da ditadura", afirmou Mohamed Layani, um idoso que acompanhava os jovens e estava envolto em uma bandeira da Tunísia, enquanto seguiam os protestos diários para exigir a renúncia do governo de transição, dominado pelos líderes do antigo regime.

A "caravana da libertação", como foi batizada pelos manifestantes, partiu no último sábado do centro do país. Neste domingo entrou na capital, apesar do toque de recolher, depois de alternar caminhadas com viagens em veículos, em um comboio heterogêneo integrado por caminhões, carros, motos e caminhonetes.

Momento histórico

A Tunísia começou a viver um forte turbulência social há cerca de quatro semanas, quando jovens e estudantes iniciaram protestos contra os altos índices de desemprego na ruas da capital Túnis. As manifestações logo tomaram vulto e assumiram uma conotação política, criticando a falta de liberdade política no país.

O governo se viu obrigado a agir. Em meio a pedidos de calma à população, o então presidente Ben Ali anunciou o fechamento de universidades e escolas, enquanto o Exército saía às ruas para frear as manifestações. Passaram a haver confrontos regulares, gerando um número ainda incerto de mortos, mas que já passa de 70, segundo dados do governo.

As medidas não foram suficientes, e Ben Ali se viu obrigado a deixar a Tunísia na última sexta-feira, 14 de janeiro, passando o controle do país para o Exército e o comando interino do governo para o primeiro-ministro, Mohammed Ghannouchi. Com a fuga, encerra-se um longo período de governo, iniciado em 1987 e durante o qual Ben Ali se reelegeu diversas vezes.

Sem a presença do ex-ditator, a Tunísia começa a caminhar na direção de um novo cenário político. Na segunda-feira, 16 de janeiro, o comando interino tunisiano convocou a formação de um governo de união nacional para funcionar durante o período transitório até as próximas eleições, convocadas para dentro de seis meses. Presos políticos também receberam anistia, e todos os partidos políticos serão legalizados.



AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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