PUBLICIDADE

América Latina

ONU não sabe se há provas para abrir processo contra "Baby Doc"

18 jan 2011 - 10h03
(atualizado às 10h14)
Compartilhar

A alta delegacia de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) acredita que o inesperado retorno do ex-ditador Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier ao Haiti abre dúvidas sobre "a impunidade e a prestação de contas" sobre seus anos de mandato, mas ainda não sabe se há provas para abrir um processo.

Ex-ditador acena de seu hotel em Petionville, no seu retorno ao Haiti após 25 anos de afastamento
Ex-ditador acena de seu hotel em Petionville, no seu retorno ao Haiti após 25 anos de afastamento
Foto: AP

"Não está claro se o Haiti está na posição de poder prender e abrir um processo contra Duvalier, conhecido como Baby Doc", disse nesta terça-feira em entrevista coletiva Rupert Colville, porta-voz da alta comissária, Navi Pillay.

"Seu retorno após 25 anos de exílio na França está rodeado de dúvidas relacionadas aos feitos cometidos durante seus 15 anos de poder, especialmente os realizados pela milícia dos tonton macoute", acrescentou o porta-voz.

Colville ressaltou que não está claro se há bases legais para poder prendê-lo, já que "para abrir um caso deve haver provas de uma forma organizada, e estamos pesquisando ainda".

O porta-voz da alta comissária da ONU não quis entrar em detalhes sobre o motivo pelo qual não acusaram o ex-ditador de nenhum crime durante seus 25 anos de residência na França, nem sobre o fato de que só agora, com seu surpreendente retorno ao Haiti, a alta responsável tenha se interessado pelo assunto.

Mas lembrou de outros casos de ex-ditadores acusados anos após terem deixado o poder, como foi o exemplo do chileno Augusto Pinochet.

Sobre os crimes que poderiam acusar "Baby Doc", Colville disse não ter detalhes, mas afirmou que "as ações realizadas pelos tonton macoute são as mais notórias. Seria preciso buscar a relação com o ex-ditador, mas como digo, não é uma questão fácil".

"Baby Doc" herdou o poder de seu pai, François Duvalier, o chamado "Papa Doc", que governou entre 1957 e 1971, e ambos dirigiram sucessivamente um regime que é considerado responsável pela morte de milhares de opositores e do desvio de recursos significativos do país durante 29 anos.

A Anistia Internacional (AI) pediu na última segunda-feira ao governo haitiano que ponha "Baby Doc" à disposição da Justiça pelas sistemáticas e generalizadas violações dos direitos humanos cometidas no Haiti durante seu regime.

EFE   
Compartilhar
Publicidade