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Tunísia libertará presos políticos e legalizará todos partidos

17 jan 2011 - 18h52
(atualizado às 20h12)
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O processo de transição começou de fato nesta segunda-feira na Tunísia com o anúncio da libertação dos presos políticos, da legalização dos partidos e da criação de um novo governo de "união nacional", no qual figuram três membros da oposição e seis antigos ministros do presidente deposto Ben Ali.

Crise na Tunísia derruba presidente há 23 anos no cargo:

Dos 19 membros do novo Executivo, que deve comandar a transição até a convocação de eleições, 12 são membros do partido de Ben Ali, o que não deve satisfazer as expectativas da maioria dos tunisianos, já que grande nas últimas semanas parte da população foi às ruas para lutar contra 23 anos de ditadura. Apesar da ainda instável situação no país, a anistia e a legalização de todas as legendas políticas representam dois grandes passos no processo de ruptura com o antigo regime e no caminho para a democracia.

O primeiro-ministro, Mohamed Ghannouchi, anunciou um governo de "união nacional", que, pela primeira vez na história da Tunísia, inclui dirigentes dos três partidos de oposição tolerados por Ben Ali. No entanto, seis antigos membros do governo do presidente deposto permanecerão no Executivo em cargos estratégicos, como o de primeiro-ministro, e ministros de Assuntos Exteriores, Interior, Defesa e Finanças.

Dos 19 membros do novo Gabinete, 12 também pertencem à Reunião Constitucional Democrática (RCD), o partido do presidente deposto, e muitos já tinham sido ministros em outras ocasiões. No novo governo figuram também representantes da sociedade civil, inclusive duas mulheres. O Ministério da Informação, muito desacreditado pela censura exercida sobre a liberdade de imprensa e de expressão durante os 23 anos de Ben Ali no poder, será suprimido, segundo Ghannouchi.

O primeiro-ministro também anunciou que todos os tunisianos condenados por "sua opinião ou suas atividades políticas" serão postos em liberdade e que os suspeitos de corrupção serão investigados. Antes do anúncio do novo governo, as forças policiais atuaram contra uma manifestação no centro de Túnis, em que cerca de mil pessoas pediam a dissolução da RCD.

As forças de segurança lançaram fumaça e água contra os manifestantes e dispararam para o alto para acabar com o protesto, que percorreu uma das principais avenidas da capital tunisiana. A RCD foi o partido onipresente durante décadas no país, que ainda tem os principais cargos da administração central, regional e local.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem como "Fora o partido da ditadura" e tentaram ir à sede central da legenda, mas os policiais impediram que eles avançassem. O sindicato União Geral de Trabalhadores Tunisianos (UGTT) pediu aos cidadãos quem não participem de manifestações diante do risco de estas serem usadas pelos partidários de Ben Ali para criar incidentes violentos.

Moradores de vários distritos disseram à televisão estatal que tinham visto pessoas em veículos pretos, em motocicletas e, inclusive, a pé disparando indiscriminadamente, até mesmo contra residências, com a intenção de semear o caos. Também relataram a presença de franco-atiradores em várias partes da cidade.

O ministro do Interior, Ahmed Fria, anunciou nesta segunda-feira que a repressão dos protestos desde que a revolta social no país teve início e os incidentes violentos posteriores à saída de Ben Ali deixaram 78 mortos e 94 feridos.

Ele declarou que "muitas vítimas são membros das forças da ordem", mas ele não informou se elas morreram em enfrentamentos com manifestantes ou nos incidentes violentos provocados após a saída de Ben Ali por membros de sua guarda presidencial ou por seus partidários.

EFE   
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