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Mundo

Primeiro-ministro da Tunísia diz que não tolerará caos

16 jan 2011 - 20h34
(atualizado às 21h57)
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A tensão continuava neste domingo na capital da Tunísia, onde ocorreram diversos tiroteios entre as forças de segurança e grupos aparentemente fiéis ao ex-presidente Zine el Abidine Ben Ali, foragido na Arábia Saudita desde sexta-feira passada. O primeiro-ministro, Mohamed Ghannouchi, assegurou que as autoridades "não tolerarão aqueles que semeiam o caos, nem os que atentem contra a segurança do país".

Soldados se posicionam ao ecoar de tiros no centro de Túnis, capital da Tunísia
Soldados se posicionam ao ecoar de tiros no centro de Túnis, capital da Tunísia
Foto: AP

Em declarações à rede de televisão pública tunisiana, Ghannouchi afirmou que "será a Justiça que identificará os responsáveis por esta situação", sem entrar em detalhes sobre a possível vinculação dos grupos que enfrentaram as forças de segurança.

Ghannouchi afirmou que "um grande número de criminosos" foram presos e elogiou as forças de ordem, a Polícia e a Guarda Nacional, que "estão fazendo um trabalho heroico para garantir a segurança da nação". Com o toque de recolher, as ruas de Túnis ficaram praticamente desertas e só é possível observar a presença de um forte aparato policial e militar, apoiado por helicópteros.

Os confrontos alcançaram até o palácio presidencial de Cartago, nas imediações da capital, assim como o bairro de Gammart, onde está a maioria das embaixadas e residências diplomáticas, entre elas as da Espanha, França, Arábia Saudita e Líbano, embora a situação pareça ter acalmado após a aplicação do toque de recolher, às 17h do horário de Brasília.

Os confrontos foram especialmente violentos na tarde deste domingo, quando, segundo algumas versões, grupos armados integrados por indivíduos vestidos em trajes civis tentaram invadir o palácio de Cartago, embora tenham sido rechaçados por unidades policiais e militares. Alguns observadores defendem que os agressores podem ser partidários do general Ali Sariati, chefe de segurança de Ben Ali.

Ao serem repelidos pelos militares, os homens fugiram e entraram nos jardins e nas casas da região de Cartago. Por outro lado, fontes da diplomacia francesa informaram à Efe de Paris que o fotógrafo francês Lucas Dolega, ferido na sexta-feira quando cobria os distúrbios em Túnis, está vivo, mas em estado crítico em um hospital da capital tunisiana.

Da mesma forma, a família do fotojornalista confirmou a informação em comunicado e desmentiu as primeiras informações deste domingo que davam conta de sua morte. "Em reação às informações publicadas na imprensa, a namorada e a família do fotógrafo francês Lucas Mebrouk Dolega detalham que ele não está morto neste momento", indica a nota, que acrescenta que, "no entanto, seu estado é extremamente crítico".

O repórter, colaborador habitual da Efe, estava cobrindo os acontecimentos na Tunísia para a European Pressphoto Agency (EPA). Dolega, de 32 anos, foi ferido no olho esquerdo nesta sexta-feira por uma bomba de gás lacrimogêneo lançada por um policial a cinco metros de distância quando fotografava as manifestações em frente ao Ministério do Interior.

As forças de segurança fizeram batidas em diversas áreas de Túnis e realizaram diversas prisões. Em uma das operações foram detidos seis ocidentais, supostamente quatro de nacionalidade alemã e dois suecos, durante uma revista de táxis no centro de Túnis, segundo imagens mostradas por um canal de televisão local.

Além disso, quatro pessoas de origem argelina foram presas por portarem malas que continham fuzis de precisão, em uma batida policial perto da sede de um partido da oposição, segundo informaram à Efe fontes pró-governo.

No aeroporto internacional de Túnis centenas de pessoas estão impedidas de sair à cidade por indivíduos armados em trajes civis. Ainda assim, o ambiente é de relativa tranquilidade, segundo a Efe pôde constatar, e o próprio diretor do aeroporto distribuía sanduíches às pessoas "como atenção do Exército". Apesar de as decolagens ainda estarem sendo operadas, os voos com destino à capital da Tunísia foram cancelaram por conta do toque de recolher.

No que parece uma tentativa das autoridades tunisianas de passar uma imagem de normalidade, o vice-secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed bin Heli, informou do Cairo que o chanceler da Tunísia, Kamel Morjane, comparecerá às reuniões preparatórias da cúpula econômica do organismo, que será realizada na quarta-feira na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh.

EFE   
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