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Saiba mais sobre o ex-ditador tunisiano Ben Ali

14 jan 2011 - 18h36
(atualizado em 17/1/2011 às 09h46)
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O presidente Zine El Abidine Ben Ali, que deixou o país na última sexta-feira, depois de um mês de manifestações contra seu regime, dirigia a Tunísia com mão de ferro há 23 anos.

O ex-ditador da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, deixou o poder na última sexta-feira
O ex-ditador da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, deixou o poder na última sexta-feira
Foto: AP

Por ser considerado barreira capaz de frear os islamitas, muitos países, entre eles as potências ocidentais, costumavam limitar as críticas a seu governo, pela falta de democracia e pelas violações dos direitos humanos.

No entanto, uma nova reeleição de Ben Ali para un quinto mandato, em outubro de 2009, com cerca de 90% dos votos, criticada pela oposição tunisiana, levou os Estados Unidos a expressarem "preocupação".

Ao derrotar, em 7 de novembro de 1987, Habib Burguiba, líder da independência do país em 1956, e que estava enfermo e vivia recluso no palácio, uma ampla maioria de tunisianos saudou uma tomada de poder "sem violência nem derramamento de sangue", também chamada de "golpe de Estado médico".

Seus partidários o consideraram o "salvador" de um país que julgava, à deriva, destacando que estabeleceu as bases da liberalização econômica e que conseguiu desbaratar uma suposta operação armada do partido islamita Ennahda.

Ao chegar ao poder, Ben Ali suprimiu a "presidência vitalícia" de Burguiba e limitou a três os possíveis mandatos presidenciais.

Aplicou uma política social de "solidaridade", criando um fundo especial para os mais pobres ou desenvolvendo um sistema de previdência social. Também deu prosseguimento a políticas que procuravam favorecer a emancipação da mulher, ou educativas, lançadas por Burguiba.

Junto com estas medidas, que contaram com o apoio de uma classe média que melhorava, o regime deteve na década de 1990 milhares de pessoas, da oposição de esquerda ou islamitas, e controlou com mãos de ferro a imprensa e os sindicatos - uma política criticada por seus adversários, muitos deles exilados.

Nascido de uma família humilde da cidade litorânea de Hammam Sousse, Ben Ali formou-se na famosa escola militar francesa de Saint-Cyr, na periferia de Paris, e num centro de inteligência militar nos Estados Unidos.

Nomeado logo general, passou a ser ministro do Interior nos anos 80, e primeiro-ministro, em maio de 1987, poucos meses antes de destituir Burguiba.

Ben Ali afirmou querer democratizar o país "sem precipitação" e autorizou um relativo pluralismo no Parlamento, em 1994, depois do que organizou as primeiras eleições presidenciais pluralistas da Tunísia, em 1999.

Sua mulher aparecia cada vez mais em público junto com ele, num momento em que a familia de Ben Ali era acusada de apropriar-se da economia.

Em 2002, fez votar por referendo uma reforma constitucional que permitiria voltar a ser reeleito.

Seus aliados ocidentais consideravam que Ben Ali garantia a estabilidade num país para o qual viajavam milhões de turistas europeus, além de representar um excelente sócio da França, a ex-potência colonial.

Ante as crescentes manifestações iniciadas em dezembro passado, Ben Ali tentou, primeiro, em vão, reprimir de modo sangrento e, depois, fazer promessas econômicas e até políticas, optando depois por deixar o país.

Tunísia enfrenta crise social e política

Desde as duas últimas semanas, a Tunísia vive uma tensão deflagrada nas ruas. Jovens e estudantes iniciaram protestos contra os altos índices de desemprego e falta de liberdade política, na maior onda de manifestações em décadas.

Em meio a pedidos de calma à população, o governo de Ben Ali anunciou o fechamento de universades e escolas. O exército também saiu às ruas para frear as manifestações, gerando confrontos com os manifestantes nos quais dezenas de pessoas acabaram mortas.

Críticos acusam o governo de corrupção e de usar a ameaça de grupos islâmicos e a necessidade de atrair investimentos estrangeiros como pretexto para manter políticas domésticas repressivas e violar os direitos civis básicos da população.

A crise social ganhou um novo episódio quando, na última sexta-feira, o presidente Ben Ali abandonou o país, passando o controle do país para o Exército e o comando interino do governo para o primeiro-ministro, Mohamed Ghannouchi.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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