Um ano após "inferno", haitianos anseiam por mudança
12 jan2011 - 09h51
(atualizado às 10h03)
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No dia do primeiro aniversário do terremoto que devastou Porto Príncipe, uma sensação de amargura e desespero se sobrepõe à esperança de que um Haiti melhor poderá emergir dos escombros.
Apesar dos bilhões de dólares prometidos pela comunidade internacional, o trabalho de reconstrução mal começou, e a corrupção por parte da pequena elite local parece atingir proporções épicas.
Agravando a situação, o país enfrenta uma epidemia de cólera que já matou cerca de 3.750 pessoas nos últimos meses, e um impasse político provocado pelas eleições presidenciais de novembro causa ainda mais instabilidade no Haiti, que mesmo antes do terremoto já era o país mais pobre das Américas.
A quarta-feira é um dia de luto oficial no Haiti, e por isso bancos, escolas e órgãos públicos não irão funcionar. As solenidades pelo aniversário do terremoto começarão com uma missa celebrada pelo núncio apostólico nas ruínas da Catedral Nacional, no centro de Porto Príncipe, com a presença de diversas autoridades, como o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, enviado especial da ONU ao país.
Mas no Champs Mars, praça central da capital, transformada em acampamento de desabrigados, moradores dizem que as cerimônias oficiais e as renovadas promessas de ajuda e progresso por parte das autoridades internacionais parecem coisas ocorridas em um outro planeta.
Cerca de 250 mil pessoas morreram por causa do terremoto de 12 de janeiro de 2010, e estima-se que 1 milhão tenham ficado desabrigadas. Centenas de milhares continuam acampadas sob barracas e lonas em diversos pontos da capital.
"Ouço falar sobre ajuda na TV, mas nós no Champs Mars nunca vimos. Não temos como sair daqui", disse Ginelle Pierre Louis, 55 anos. "Os diplomatas passam pelo ar, em helicópteros, mas nunca vêm aqui no terreno", acrescentou Hyacinthe Mintha, 56 anos, que também vive no Champs Mars, próximo às ruínas do palácio presidencial.
Hyacinthe Benita, 39 anos, filha de Mintha, vive num barraco feito de chapas de madeiras e teto de lona, tendo um estrado de madeira como cama para si e seus quatro filhos. "Ainda estamos aqui na miséria", disse ela, um ano depois do aniversário. "Espero que este ano traga mudanças sérias, porque 2010 foi um inferno para nós."
"O presidente está bem ali", disse Benita, apontando o anexo atrás do palácio, onde o impopular René Préval trabalha. "Ele nunca fez nada por nós, nunca veio nos ver. Ele olha para nós como se fôssemos animais."
Haitianos formam fila em estádio na espera por ajuda
Foto: AFP
Homem vasculha escombros de prédio em Porto Príncipe
Foto: AFP
Criança contaminada pelo cólera recebe soro em hospital coordenado pela Médicos Sem Fronteiras
Foto: AFP
Homens se unem em oração nas proximidades do palácio presidencial de Porto Príncipe
Foto: AFP
Funcionários eleitorais contam votos em centro de votação do Liceu Nacional da capital
Foto: AFP
Incêndio consome mercado em Porto Príncipe no final de janeiro do ano passado
Foto: AFP
Haitianos formam fila em estádio na espera por ajuda
Foto: AFP
Bombeiros americanos tentam resgatar sobrevivente em meio a uma casa destruída
Foto: AFP
Homem contempla a estrutura de ferro de um mercado destruído por um incêndio
Foto: AFP
Paramilitares americanos coordenam fila de haitianos em busca de ajuda
Foto: AFP
Mulher idosa vagueia em rua da capital Porto Príncipe uma semana depois do terremoto
Foto: AFP
Homem passa por ruínas de prédios em estrada de Porto Príncipe
Foto: AFP
Multidão dorme em abrigo do distrito Petitionville, da capital haitiana
Foto: AFP
Sem abastecimento de energia elétrica na rua, homem é iluminado por farol de carro
Foto: Getty Images
Avó e neta participam de vigília na igreja de Notre Dame, um mês após a tragédia
Foto: Getty Images
Moradores do bairro de Peguy Ville se agrupam em posto em busca de comida
Foto: Getty Images
Homem ouve rádio à luz de velas em barraca montado em Clube de Petitionville, em Porto Príncipe
Foto: Getty Images
Em fevereiro, coveiro fecha o túmulo de haitiana morta no terremoto
Foto: Getty Images
Comerciantes negociam mercadorias à luz de velas em Porto Príncipe
Foto: Getty Images
Sobrinha busca apoio da tia durante tratamento para o cólera em Cité Soleil
Foto: Getty Images
Homem e menino brincam em campo de refugiados
Foto: AFP
Mulher senta em quarto de hospital abandonado em razão do furacão Tomas, que atingiu o país em novembro
Foto: Getty Images
Mulher limpa chão de hospital evacuado em razão do furacão Tomas, que atingiu o país em novembro
Foto: Getty Images
Funcionários se preparam para enterrar caixão no cemitério central de Porto Príncipe
Foto: Getty Images
Feridos se preparam para a chegada da noite no hospital do exército israelense
Foto: Getty Images
Soldados brasileiros da Minustah patrulham Cité Soleil em 21 de janeiro de 2010
Foto: Getty Images
Cozinheiras haitianas preparam refeição para refugiados na cidade de Jacmel
Foto: Getty Images
Bombeiros americanos de Los Angeles fazem buscas nas ruínas de prédio de Porto Príncipe
Foto: Getty Images
Haitianos trabalham para completar a demolição de um prédio destruído pelo terremoto
Foto: AFP
Família desalojada caminha perto de fogueira em acampamento
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