Sinto a proteção de Deus e a presença de Zilda Arns, diz irmã
11 jan2011 - 08h32
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Felipe Franke
Doze meses após o terremoto que devastou Porto Príncipe e deixou entre suas milhares de vítimas a missionária Zilda Arns, a irmã Rosângela Maria Altoé diz que conta com a "proteção de Deus" e a "presença da Dra Zilda" na retomada dos trabalhos no Haiti. "Eu sinto a proteção de Deus, (sinto) a presença da dra. Zilda ajudando a encaminhar toda a missão que foi realizada lá", conta a irmã, secretária da Pastoral da Criança.
Na tarde de 12 de janeiro de 2010, quando o terremoto abateu o Haiti, uma missão da Pastoral da Criança finalizava uma palestra que dava início aos trabalhos de ajuda humanitária no país. Zilda Arns, médica pediatra fundadora e coordenadora internacional da entidade, morreu no episódio, instantes depois de proferir uma palestra.
O terremoto interrompeu a rotina da Pastoral, que levou meses para retomar os trabalhos após um processo de reestruturação interna. Apesar das dificuldades, irmã Rosângela - que esteve presente à tragédia - já retornou ao Haiti duas vezes no ano passado e encara a missão de dar prosseguimento aos trabalhos com alegria.
"Sobretudo depois do terremoto, para mim ficaram algumas coisas de medo, e realmente não é fácil voltar. Mas, ao mesmo tempo, é a possibilidade que eu tenho de uma superação de tudo aquilo que eu mesma passei", conta. "Isso agora para mim é como uma responsabilidade. Mais que isso, uma missão: estar assumindo isso, com a mesma garra, o mesmo carinho, a mesma alegria que a dra. Zilda queria."
Nas suas recentes idas ao Haiti, a Pastoral da Criança capacitou dois grupos de ajuda humanitária. São 28 pessoas preparadas para fornecer cuidados a gestantes - no total, são 150 pessoas entre mulheres grávidas e crianças recebendo ajuda. "São dados pequenos", avalia, "mas que já estão dando seus frutos".
Com isso, Rosângela não apenas faz referência a meros números de atendimento, mas a algo mais sólido: a capacitação da população para o próprio futuro. "Aqueles grupos que já fizeram a capacitação vão se dando conta de que algumas coisas eles precisam conquistar, e isso é muito bom. Acho que é uma forma de provocar um pouco uma mudança de mentalidade, de atitude."
"Não podemos ficar esperando"
É quase consenso entre observadores internacionais as críticas feitas à coordenação do apoio internacional no Haiti. Mas, independentemente dos problemas, Rosângela defende que o Brasil persista no apoio para "resgatar a vida e a dignidade (do) povo (haitiano)".
"Depois de um ano do terremoto, eu falo para o nosso País. O Brasil é um país rico, com tanta abundância. A gente tem tudo e não sabe, e o quanto é importante continuar sendo solidário no Haiti, porque é um povo que precisa muito da nossa ajuda. (Acredito que) poderíamos estender a mão e sermos muito solidário com eles", desabafa.
O apoio deve continuar, mas mudanças devem ser feitas para agilizar o processo. "Tomara que a gente possa contar com a ajuda de muita gente e que essa missão se realize de forma bastante ampla - e que se realize logo. Não podemos ficar esperando muito tempo, porque tem muita gente morrendo", finaliza.
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Foto: AFP
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Foto: AFP
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Foto: AFP
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Foto: AFP
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Foto: AFP
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Foto: AFP
Mulher entra em desespero em frente ao corpo de sua irmã, morta por policiais
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No dia 19 de janeiro, mulher é contida ao ver corpo de jovem morta em confrontos com a polícia
Foto: AFP
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Foto: AFP
Mulheres chora durante o funeral do arcebispo Joseph Serge Miot, morto no terremoto
Foto: AFP
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Mulher chora de dor em tratamento realizado em hospital improvisado em Porto Príncipe
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Foto: AFP
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Foto: AFP
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Foto: AFP
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Foto: AFP
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Foto: AFP
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Foto: AFP
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Foto: AFP
Sobrevivente do terremoto enxuga as lágrimas durante oração em campo de desalojados de Porto Príncipe
Foto: AFP
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Haitiano idoso e doente repousa em colchões enquanto espera pelo conserto de sua barraca em acampamento de Porto Príncipe
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Com o hospital superlotado, homem infectado com o cólera espera por tratamento em jardim
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Mulher recebe ajuda em meio ao surto de cólera em St. Marc, ao norte de Porto Príncipe
Foto: AFP
Haitianos gritam em protesto contra a fome, no dia 10 de março, em Porto Príncipe