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Número menor de eleitores participa da 2ª jornada do referendo no Sudão

10 jan 2011 - 15h42
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Com menos participação nas urnas que neste domingo, os sudaneses do sul do país participaram nesta segunda-feira pelo segundo dia do referendo de autodeterminação, cuja organização foi elogiada pelo ex-presidente americano Jimmy Carter.

Enquanto no domingo as filas de eleitores eram muito longas nos centros visitados pela Agência Efe, nesta segunda-feira a espera foi menor, mas o fluxo se manteve permanente durante o dia todo, até o último minuto da jornada eleitoral, que terminou às 17h local (12h de Brasília).

Do referendo participam 3,9 milhões de sudaneses originais do sul do país, que vivam na região e, em menor medida, no norte do Sudão e em outras nações, onde também podiam votar.

Em um percurso feito pela Agência Efe por vários centros eleitorais da cidade, capital do sul do Sudão, os encarregados da votação disseram que, contando os dois dias, mais da metade dos eleitores já votaram.

O referendo é de sete dias e se prolongará até 15 de janeiro. O resultado só será declarado válido se alcançar uma participação de 60%.

Pesquisas prévias indicam que a separação ganhará majoritariamente da unidade, as duas opções pelas quais os eleitores têm que escolher. Se isso for confirmado, a nova nação surgirá a partir do período transitório que vence em julho.

Em alguns centros de votação a participação desta segunda-feira esteve entre 600 e 800 sudaneses registrados, enquanto no domingo, nos mesmos colégios votaram entre 700 e 900 eleitores.

As urnas não serão abertas até que termine a votação, no dia 15 de janeiro. Os resultados preliminares serão divulgados no fim do mês, e os definitivos antes de 14 de fevereiro.

Em declarações aos jornalistas após visitar o Birô do Referendo do Sul do Sudão (SSRB), Carter, que dirige um centro que se ocupa de supervisionar as eleições em países subdesenvolvidos, se declarou "muito orgulhoso" do andamento da votação.

"O compromisso do povo do sul do Sudão é firme rumo à democracia e para decidir o futuro. Não houve intimidação nem sinais de irregularidades", acrescentou.

"Tudo está sendo realizado de uma forma admirável, e tenho fé que todo o processo será limpo e honesto", disse Carter na porta da sede do SSRB, acompanhado do presidente do órgão, Chan Reek Madut, e do ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan.

Carter disse que "o mundo inteiro" está seguindo a consulta e também estará aguardando os resultados finais. "Estamos muito orgulhosos do que ocorreu até agora neste referendo", insistiu.

Kofi Annan, por sua parte, fez votos para que se resolvam em breve os litígios pendentes, como o status da província limítrofe de Abyei, que está entre o norte e o sul e cujos habitantes devem decidir a qual região gostariam de se vincular, embora a consulta tenha sido adiada.

O ex-secretário-geral da ONU também fez votos para que os resultados sejam divulgados o mais rápido possível.

O chefe do SSRB disse, ao justificar o motivo de a votação durar sete dias, que o sul do Sudão, cuja extensão supera 600 mil quilômetros quadrados, quase não tem estradas asfaltadas e carece de meios de transporte como qualquer país de tamanho parecido.

A situação é praticamente tranqüila na maior parte da região, a exceção da província de Abyei, onde um choque armado no sábado e no domingo entre membros de duas tribos rivais, a árabe Al Masiriya e a africana Dinka Naquq, deixou cerca de 20 mortos.

Autoridades da região disseram que, a fim de acalmar a área de Abyei, no próximo dia 12 de fevereiro haverá uma reunião de representantes do Governo de Cartum e Juba, junto a líderes tribais.

No domingo, depois dos últimos combates, a principal autoridade administrativa de Abyei, Deng Arop, disse que as duas tribos tinham acordado manter uma trégua.

O conflito de Abyei acontece porque a tribo Al Masiriya quer conservar seus direitos no território, e teme que se a província se vincular ao sul, propícia à tribo rival, perderá esse privilégio.

EFE   
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