Confrontos na fronteira norte-sul do Sudão deixam 33 mortos
Pelo menos 33 pessoas morreram desde a última sexta-feira no enclave de Abyei, entre as regiões norte e sul do Sudão, informaram nesta segunda-feira à AFP chefes de tribos locais.
"Treze árabes Misseriya foram mortos e 38 ficaram feridos desde sexta-feira", indicou o líder tribal Misseriya Hamid al-Ansari.
"Nos últimos três dias, perdemos no total entre 20 e 22 Dinka", disse Deng Arop Kuol, administrador da região de Abyei.
"Eles já nos atacaram três vezes, e estamos esperando um novo ataque hoje (segunda-feira)".
Analistas citam Abyei como o local mais provável de episódios violentos entre o norte e o sul durante e depois da votação, o clímax de um complicado acordo de paz que acabou com décadas de guerra civil.
O sul deve se separar do norte, predominantemente muçulmano, deixando Cartum sem a maioria de suas reservas de petróleo.
Moradores da região central de Abyei receberam a promessa de um referendo próprio para decidir se ficariam com o norte ou com o sul, mas líderes não chegaram a um acordo sobre como fazer o pleito e a votação, inicialmente prevista para 9 de janeiro, não aconteceu.
Líderes da tribo Dinka Ngok, de Abyei, ligados ao sul, acusaram Cartum de armar milícias árabes da região em confrontos na sexta-feira, no sábado e no domingo e disseram esperar mais ataques nos próximos dias.
Referendo do Sul: passado e futuro em jogo
Neste domingo, 9 de janeiro de 2011, a população da porção sul do Sudão vai às urnas no referendo que vota a autonomia da região. A expectativa geral é de que o 'sim' saia vencedor, resultado que deve levar à secessão do resto do país e a criação de uma nova nação: o Sudão do Sul, com capital em Juba e presidido por Salva Kiir.
O referendo está previsto desde janeiro de 2005, quando foi assinado o Tratado de Naivasha. Também conhecido como Amplo Acordo de Paz, o tratado colocou fim a um conflito de 21 anos travado entre o norte sudanês, predominantemente árabe, e rebeldes do sul, região miscigenada e parcialmente cristã. Durante este período, iniciado em 1983, cerca de dois milhões de pessoas morreram.
Apesar da boa expectativa para a realização do referendo, muito deve ainda acontecer depois dele. O presidente sudanês, Omar al-Bashir, garantiu que aceitará o resultado da votação, mas ainda é incerto o futuro das relações entre norte e sul. Por trás do conflito está a disputa pelo controle da maior riqueza natural do país, uma reserva de milhões de barris de petróleo, localizada justamente na faixa central do Sudão.
Com informações das agências internacionais.