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Sul do Sudão define seu futuro em plebiscito histórico no domingo

8 jan 2011 - 15h33
(atualizado às 16h32)
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Duas décadas de guerra e uma complicada transição culminam neste domingo em um plebiscito histórico no sul do Sudão que, segundo previsões, determinará o nascimento de uma nova nação, a primeira deste século.

Um total de 3,9 milhões de sudaneses estão convocados às urnas para decidir se querem seguir vinculados ao norte do país ou desejam a secessão. Se a proposta de separação do sul for aprovada, o novo país só poderá ser oficializado a partir de julho deste ano, respeitando um acordo de paz com o norte.

"Já não há um retorno para a guerra", afirmou nesta sábado o presidente do Governo autônomo do sul do Sudão, Salva Kiir. "Não há um substituto para a coexistência pacífica", acrescentou, em referência aos vínculos que quer manter com o norte se a população optar pela secessão.

A votação se prolongará por sete dias, e o resultado final será divulgado em meados de fevereiro, mas no final de janeiro já haverá uma tendência clara, segundo as autoridades.

Uma pesquisa prévia organizada por uma agência semioficial indicou que a opção da separação é apoiada por 96% dos eleitores, enquanto 4% são favoráveis a manter unidade.

"Vamos criar o país mais novo no planeta. Há muito tempo as pessoas estão esperando por esta votação", disse Mike Ding, um dos muitos partidários da secessão.

A votação é fruto dos acordos de paz assinados entre o norte e o sul do Sudão em 2005, após duas décadas de uma guerra que deixou dois milhões de mortos.

Desde esse pacto, o sul viveu com um governo autônomo e, com o tempo, os laços com o norte foram se apagando tanto no plano político quanto no militar e no econômico.

As mudanças se deram até mesmo na educação: até 2005 nas escolas do sul do Sudão se ensinava em árabe, mas desde o acordo de paz as aulas são em inglês, embora nas ruas de Juba as pessoas continuem falando árabe.

O longo caminho que seguiu o sul do Sudão até esta votação esteve repleto de obstáculos, incluindo os impostos pelo regime de Omar al-Bashir, do norte, e seus partidários, pouco favoráveis aos desejos de secessão do sul.

Nas últimas semanas, no entanto, al-Bashir reconheceu que no plebiscito que começa neste domingo provavelmente a secessão se imporá, por isso que declarou que é hora de pensar em como forjar uma nova relação entre as partes.

"Estamos negociando a forma de estabelecer uma união entre as duas partes, em defesa de nossos próprios interesses em temas de segurança, política econômica e desenvolvimento", afirmou al-Bashir em uma entrevista à emissora Al Jazira.

Al-Bashir foi cedendo conforme sua situação foi se agravando, depois que não conseguiu pôr fim ao conflito armado de Darfur, que eclodiu em 2003, e que o Tribunal Penal Internacional mostrou sua intenção de julgá-lo por seu papel nessa guerra.

Fontes políticas disseram que, se, além disso, a secessão do sul for confirmada, al-Bashir pode se ver obrigado a tentar reforçar sua posição entre aqueles que o apoiam.

Por enquanto, a situação prévia à votação se desenvolve sem graves conflitos. O único incidente mais grave foi registrado entre sexta-feira e este sábado na província de Unity, rica em petróleo, onde uma milícia local enfrentou forças militares, o que deixou seis insurgentes mortos.

As autoridades também encontraram dezenas de fuzis AK-47, um lança-granadas e uma metralhadora."Estas pessoas só estão tentando atrapalhar o plebiscito", afirmou o ministro do Interior do Governo autônomo do Sul do Sudão, general Gier Chuang Aluong.

A lembrança dos que lutaram pela independência do sul está muito presente nos discursos públicos dos últimos dias, já que muitos habitantes da região tiveram pelo menos um parente que morreu no conflito armado.

No entanto, para o presidente do comitê organizador da votação, o juiz Chan Reec Madut, é hora de pensar no futuro e na vida. Na sexta-feira, ele declarou em um ato público que "finalmente este passo (o plebiscito) se tornou uma realidade".

Sudão terá plebiscito para definir separação; norte e sul do país vivem em conflito
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Foto: Reuters
EFE   
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