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Sudão: insegurança e transporte são problemas em plebiscito

8 jan 2011 - 08h27
(atualizado às 10h05)
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O presidente do Escritório do Plebiscito do Sul do Sudão, Chan Reec Madut, afirmou neste sábado que a insegurança em algumas áreas e as dificuldades de transporte representam os principais desafios da votação deste domingo.

Cidadão do sul do Sudão estampa o 'voto' a favor da separação da sua região do restante do país
Cidadão do sul do Sudão estampa o 'voto' a favor da separação da sua região do restante do país
Foto: AFP

"Faltam meios de transporte, esse sempre foi o problema e continua sendo", disse o juiz em entrevista à agência EFE, na véspera da votação histórica no Sudão, que se prolongará por sete dias e que definirá o futuro do sul do país.

Ao todo, 3,5 milhões de sudaneses originais do sul e residentes desta região desde 1956 estão convocados às urnas para decidir se seguem vinculados ao resto do país ou optam pela secessão.

O plebiscito, cujo resultado mais provável é a separação, segundo as pesquisas prévias, foi definido nos acordos de paz assinados em 2005 entre o norte e o sul, após duas décadas de guerra, que causou 2 milhões de mortos.

Madut, o principal responsável pela votação no sul do Sudão, revelou que a falta de transporte será agravada pelas inundações que afetam algumas áreas.

O juiz Madut mostrou sua preocupação com as possíveis ações de um grupo rebelde ugandense, o Exército de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês), que atua na fronteira entre os dois países e se estende até território congolês.

A isso se unem os "conflitos tribais que podem explodir pelo roubo de gado", afirmou o magistrado.

Lamentou que os recursos aprovados para o funcionamento de seu escritório não foram desembolsados completamente a partir de Cartum, sede do governo central, que só há semanas aceita a possibilidade de que o sul e o norte se dividam.

"Dependemos do governo (autônomo) do Sul do Sudão e da comunidade internacional. Esse é um dos principais desafios que enfrentamos", disse.

O Escritório do Plebiscito do Sul do Sudão está ligado à Comissão do Plebiscito do Sul do Sudão. A primeira tem sede em Juba, a capital do sul do Sudão, e a segunda funciona em Cartum.

Madut disse que espera que os resultados da votação, que deve ser encerrada em 15 de janeiro se não houver contratempos em alguma região, estarão prontos em meados de fevereiro, dentro do prazo oficial de 30 dias.

O responsável do SSRB disse que as eleições parlamentares e presidenciais de abril foram úteis para encarar esta nova votação. "Aprendemos com os erros, e isso nos serviu", afirmou.

A fiscalização do pleito ficará sob o controle de 17 mil observadores locais e 1,2 mil internacionais.

Uma pesquisa prévia organizada por uma agência semioficial indicou que a opção da separação é apoiada por 96% dos eleitores, enquanto 4% são favoráveis a manter unidade.

Se confirmado esse resultado, o sul do Sudão será a primeira nação a surgir na África desde a separação da Eritréia da Etiópia, em 1993, e o primeiro estado que nasce no século XXI.

Referendo do Sul: passado e futuro em jogo

Neste domingo, 9 de janeiro de 2011, a população da porção sul do Sudão vai às urnas no referendo que vota a autonomia da região. A expectativa geral é de que o 'sim' saia vencedor, resultado que deve levar à secessão do resto do país e a criação de uma nova nação: o Sudão do Sul, com capital em Juba e presidido por Salva Kiir.

O referendo está previsto desde janeiro de 2005, quando foi assinado o Tratado de Naivasha. Também conhecido como Amplo Acordo de Paz, o tratado colocou fim a um conflito de 21 anos travado entre o norte sudanês, predominantemente árabe, e rebeldes do sul, região miscigenada e parcialmente cristã. Durante este período, iniciado em 1983, cerca de dois milhões de pessoas morreram.

Apesar da boa expectativa para a realização do referendo, muito deve ainda acontecer depois dele. O presidente sudanês, Omar al-Bashir, garantiu que aceitará o resultado da votação, mas ainda é incerto o futuro das relações entre norte e sul. Por trás do conflito está a disputa pelo controle da maior riqueza natural do país, uma reserva de milhões de barris de petróleo, localizada justamente na faixa central do Sudão.



EFE   
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