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América Latina

Santos abriu nova era na Colômbia e permitiu revelar escândalos

24 dez 2010 - 13h22
(atualizado às 14h04)
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Após oito anos na Presidência, Álvaro Uribe cedeu o poder a Juan Manuel Santos, que, com tom conciliador, retomou as relações com a Venezuela e o Equador, deu o maior golpe da história nas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e permitiu revelar graves escândalos do governo anterior.

Santos retomou relações com Equador e Venezuela
Santos retomou relações com Equador e Venezuela
Foto: EFE

Santos assumiu a presidência no dia 7 de agosto após uma disputada eleição e depois que a Corte Constitucional impediu Uribe de tentar uma segunda reeleição. Apesar de ter iniciado sua gestão prometendo continuidade, Santos foi se afastando pouco a pouco das ideias de seu mentor, de quem foi ministro da Defesa.

"Embora a Segurança continue ocupando um lugar de destaque na agenda, acabou o estilo combativo que marcou o governo de Uribe, que provocou fortes disputas institucionais e desqualificações pessoais contra partidos, oposição, magistrados e defensores dos direitos humanos", afirma o analista e professor da Universidade Externado de Colômbia, Jairo Libreros.

A receita foi um governo de União Nacional que permitiu ao novo presidente ganhar o apoio de quase todas as forças políticas e governar quase sem oposição, para terminar o ano com uma popularidade próxima de inéditos 90%.

Com esse apoio, apresentou ao Congresso as leis de Vítimas e de Terras, os grandes marcos de seus primeiros 100 dias de governo, que ficaram por anos estagnadas por conta da reticência de Uribe a resolver problemas bastante complexos em uma sociedade que acumula mais de 45 anos de conflito interno.

Além disso, Santos não deu trégua à luta contra as Farc e quando estava a pouco mais de um mês no poder anunciou de Nova York a morte do chefe militar do grupo armado, "Mono Jojoy", o homem mais procurado na Colômbia. Esse foi o golpe mais forte contra a guerrilha, a mais antiga das Américas, em sua história.

Segundo Libreros, as Farc "foram obrigadas a buscar refúgio em áreas de fronteiras e inclusive em países vizinhos, como o Panamá, a Venezuela e o Equador". Foram exatamente esses fatos que levaram o país a romper os laços diplomáticos com o Equador e a Venezuela durante o mandato do conservador Uribe, que enfrentou os presidentes esquerdistas Rafael Correa e Hugo Chávez.

"Mais do que política externa, houve alinhamento estratégico da Colômbia com os Estados Unidos com base nos interesses da agenda de segurança preventiva de George W. Bush", esclareceu o analista sobre a diplomacia herdada por Santos.

Mas, na contracorrente, o novo governante restabeleceu as relações com Caracas e Quito, uma atitude de mudança que toda a América Latina aplaudiu e que inclusive garantiu ao país um assento no Conselho de Segurança da ONU.

No âmbito interno, o novo presidente não impediu que fossem revelados casos de corrupção e ilegalidades como a espionagem feita pelos serviços de inteligência a juízes, jornalistas, opositores e defensores dos direitos humanos.

Investigações, prisões e cassações, entre elas a do ex-secretário-geral da Presidência Bernardo Moreno e quatro ex-diretores do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), foram o resultado do que é considerado um dos maiores escândalos do governo anterior.

Também foi polêmico o asilo que o Panamá concedeu em novembro à ex-diretora do DAS María del Pilar Hurtado, apesar de estar impedida de se candidatar por 18 anos. Segundo a imprensa colombiana, houve intermediação do próprio Uribe.

Semanas antes, o Executivo de Santos havia aberto outra "caixa de pandora" ao intervir, por conta de escândalos de corrupção, a Direção Nacional de Entorpecentes e o Fondelibertad, o órgão estatal dedicado à luta contra o sequestro. No entanto, as iniciativas não eximem Santos de desafios, já que na Colômbia o conflito armado permanece vivo, com um rastro de quatro milhões de deslocados pela violência e uma pobreza que afeta quase metade da população.

A isso se soma um aumento da criminalidade urbana, como se evidenciou em Medellín, onde uma guerra de quadrilhas deixou mais de 1,7 mil mortos em 2010. O motivo, como afirma Libreros, é que o Governo de Uribe, apesar de ter enfraquecido as guerrilhas, "fracionou" os paramilitares.

"Enquanto os chefes paramilitares eram extraditados aos EUA, os comandantes e combatentes restantes tomavam os principais centros urbanos, onde se concentra uma nova dinâmica de violência e tráfico de drogas que transformou a segurança dos cidadãos no principal desafio de Santos".

EFE   
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