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Militares marfinenses apoiam Gbagbo, mas sofrem falta dinheiro

23 dez 2010 - 17h35
(atualizado às 18h09)
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Os militares da Costa do Marfim reiteraram, nesta quinta-feira, seu apoio ao atual presidente do país, Laurent Gbagbo, pressionado pela comunidade internacional para que deixe o cargo e reconheça a vitória eleitoral de Alassane Ouattara no pleito do dia 28 de novembro.

As Forças Armadas e de segurança tornaram público na emissora oficial de televisão seu "compromisso inflexível com o Presidente da República (Gbagbo) e com as instituições da Costa do Marfim", além da oposição às autoridades internacionais, que reconheceram Ouattara como novo chefe do Estado.

Durante a guerra civil, de 2002 a 2007, a Costa do Marfim se dividiu entre o sul, que ficou sob o controle de Gbagbo e das Forças Armadas, e o norte, controlado por uma cisão do Exército, que não se desarmou após o conflito e formou a milícia das Forças Novas.

As sanções internacionais a Gbagbo e seus aliados levaram o país a perder o crédito financeiro. Com isso, o governo se viu impossibilitado de pagar os salários dos funcionários pela manhã, quitados apenas durante a tarde.

Muitos dos bancos onde os servidores públicos deveriam recolher seu dinheiro se mantiveram fechados durante a manhã, entre eles a Société Générale de Banques en Cote D'Ivoire (SGBCI), que é responsável pelo pagamento de 30% dos salários.

Apesar de o Ministério de Economia e Fazenda de Gbagbo ter emitido nesta quarta uma declaração na qual se comprometia a pagar os salários, as instituições financeiras fecharam as portas até terem garantias de que o Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) os reembolsaria.

Ainda na quarta, o Banco Mundial (BM) anunciou que já havia congelado a ajuda financeira à Costa do Marfim diante da negativa de Gbagbo de abandonar o poder.

A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), assim como outras organizações internacionais, não reconhece a legitimidade de Gbagbo e suspendeu a Costa do Marfim até que seja feita a transferência de poderes a Ouattara.

Para sexta-feira, os líderes da Cedeao têm prevista uma nova cúpula extraordinária em Abuja para tratar sobre a situação da Costa do Marfim. Deve ser discutido o pedido da ONU de ajuda para reforçar a Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (Onuci), que defende Ouattara e vem sendo pressionada pelas tropas de Gbagbo.

Enquanto isso, mais de 400 pessoas detidas no último dia 16 na Costa do Marfim, quando se manifestavam a favor do presidente eleito, serão julgadas nesta sexta no tribunal correcional de Abidjan, segundo informações dadas por um advogado de defesa.

Segundo o Governo de Ouattara, as forças de segurança, leais a Gbagbo, mataram no último dia 16, em Abidjan, pelo menos 32 pessoas, um número que aumentou nos dias seguintes. Nesta quinta, o Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU disse em Genebra que, até a terça-feira passada, os mortos eram pelo menos 173.

Além disso, foram comprovadas 24 desaparições forçadas, documentados 90 casos de tortura e cerca de 500 de detenções, segundo a alta comissária adjunta de Direitos Humanos da ONU, Kyung-wha Kang, que advertiu que os números mencionados talvez sejam apenas uma pequena parte.

A ONU recebe por dia na Costa do Marfim aproximadamente 300 denúncias de violações dos Direitos Humanos, mas é impossível investigar todas, incluídas as da existência de valas comuns, devido aos obstáculos colocados à Onuci, disse Kang.

Tanto o primeiro-ministro de Ouattara, Guillaume Soro, quanto organismos da ONU disseram que os militares, leais a Gbagbo, distribuíram armas a milicianos com o objetivo de atacar as tropas da Operação.

EFE   
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