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Costa do Marfim: presidente eleito não aceita Gbagbo no cargo

22 dez 2010 - 13h37
(atualizado às 14h02)
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Alassane Ouattara, reconhecido como presidente eleito da Costa do Marfim pela comunidade internacional, disse nesta quarta-feira considerar "inaceitável" que Laurent Gbagbo queira se manter na presidência sustentado por militares, milicianos e mercenários.

Em entrevista no Hotel Golfe de Abidjan, onde Ouattara estabeleceu sua sede e a de seu governo, a porta-voz do ex-primeiro-ministro, Anne Oulotto, afirmou que Gbagbo "não tem outra saída a não ser reconhecer o resultado das eleições, a vitória de Alassane Ouattara, e deixar o Palácio Presidencial".

Oulotto acusou Gbagbo de recrutar mercenários e distribuir armas para formar milícias entre seus partidários, e qualificou de "inquietante" o fato de que o Hotel Golfe esteja cercado por "três mil" deles.

A porta-voz de Outtara descartou em qualquer caso que os integrantes do novo governo vão abandonar o local, como lhes pediu Gbabo ontem à noite em mensagem transmitida pela televisão, na qual também ofereceu garantias de segurança que Oulotto questionou.

Hoje, apesar das declarações de Gbagbo, o hotel, protegido pelos ex-rebeldes das Forças Novas e militares das Nações Unidas na Costa do Marfim (ONUCI), segue sitiado por milicianos.

As Forças Armadas e de segurança leais a Gbagbo, assim como milicianos uniformizados e armados, impedem o deslocamento até o edifício dos comboios da ONUCI, o que levou os chamados "capacetes azuis" a utilizarem helicópteros para chegar ao lugar para levar alimentos.

A ONU também não atendeu ao apelo de Gbagbo para reunir uma comissão que estude o processo eleitoral, e o secretário-geral do organismo, Ban Ki-moon, solicitou ajuda à comunidade internacional para evitar que suas forças "estrangulem" os seguidores de Ouattara e a ONUCI.

"A comunidade internacional deve atuar com determinação", disse Ban em reunião informal com a Assembleia Geral da ONU para falar sobre a situação no país africano, que segundo ele "corre o risco real de voltar à guerra civil".

Após a reunião na Assembleia Geral, o principal responsável das Operações de Paz das Nações Unidas, Alain Le Roy, disse que sabe que milícias próximas a Gbagbo receberam armas e preparam "provocações" para gerar confrontos com a ONUCI.

Ele também confirmou a presença de mercenários liberianos entre os partidários de Gbagbo. A organização os acusou de cometer violações aos direitos humanos e de serem responsáveis por desaparecimentos.

Por outro lado, um dia após a suspensão do toque de recolher imposto no dia 27 de novembro por Gbagbo, Abidjan tinha hoje o mesmo aspecto de atividade rotineira de ontem, embora a tensão siga e a população tema a explosão de uma nova guerra civil.

O ambiente pré-bélico levou o governo francês a pedir a seus 15 mil cidadãos na Costa do Marfim para que abandonem temporariamente o país, apelo similar aos feitos por Bélgica, Estados Unidos e Reino Unido.

A Nigéria informou que evacuou seu corpo diplomático da Costa do Marfim, depois de sua embaixada em Abidjan ter sido atacada, e que trabalha para evacuar o resto de seus cidadãos.

Às sanções impostas até agora a Gbagbo e seus colaboradores se uniu hoje o Banco Mundial (BM), que congelou a ajuda financeira à Costa do Marfim perante a negativa de Gbagbo de deixar o poder.

EFE   
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