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Ásia

Coreia do Norte designa herdeiro em meio a clima de tensão

21 dez 2010 - 14h26
(atualizado às 14h39)
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O líder comunista norte-coreano, Kim Jong-il, colocou neste ano seu filho mais novo à frente da linha sucessória, um delicado processo em um regime militarizado que coincidiu com dois ataques sem precedentes à Coreia do Sul.

O plano de sucessão norte-coreano começou a tomar forma no final de setembro, quando o Partido dos Trabalhadores, em uma incomum reunião, tirou Kim Jong-um do anonimato, jovem cuja idade não foi divulgada, mas que, conforme especulações, tem 27 anos, e o outorgou postos relevantes no Comitê Central, além da Vice-Presidência da Comissão Central Militar.

Seu pai o transformou, além disso, em general de quatro estrelas e, desde aquele momento, na figura com mais probabilidades para se tornar o herdeiro de terceira geração do antigo regime stalinista fundado por seu avô Kim Il-sung, falecido em 1994.

Pouco depois que, em outubro, Kim Jong-um se apresentou à imprensa internacional à direita de seu pai no desfile militar pelo aniversário do Partido dos Trabalhadores, a Coreia do Norte executou o primeiro ataque com artilharia sobre território sul-coreano desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53).

Na tarde de 23 de novembro, a pequena ilha sul-coreana de Yeonpyeong se estremeceu por uma chuva de obuses norte-coreanos que deixou dois militares e dois civis mortos e levou a península à sua pior crise em décadas, além de romper as já frágeis relações com o Governo sul-coreano do presidente Lee Myung-bak.

Desde março, os laços entre Pyongyang e Seul estavam abalados pelo afundamento do navio de guerra sul-coreano "Cheonan", no qual morreram 46 tripulantes, e que segundo Seul foi causado por um torpedo de um submarino norte-coreano.

Os analistas e o próprio Governo da Coreia do Sul acham que os fatos tentam consolidar Kim Jong-um no poder e dar-lhe credibilidade diante da cúpula militar norte-coreana para o dia que seu pai, que sofreu um acidente vascular cerebral em agosto de 2008, morrer.

O repentino ataque a Yeonpyeong, que pôs a península à beira de um confronto armado de maior escala, é visto por Seul como um cuidadoso plano para escorar a sucessão no regime e como uma resposta frente ao isolamento empregado por Estados Unidos e Coreia do Sul.

Desde o incidente do "Cheonan", que uma investigação multinacional atribuiu a um torpedo norte-coreano, Seul e Washington se negam a retomar o diálogo de seis lados para o desarmamento nuclear da Coreia do Norte.

As conversas, das quais participam as duas Coreias, EUA, China, Japão e Rússia, estão estagnadas desde dezembro de 2008 por decisão unilateral de Pyongyang, que agora deseja reabrir a negociação para voltar a obter ajudas em troca de concessões.

Uma semana depois do ataque a Yeonpyeong, o regime comunista norte-coreano confirmou que tem milhares de centrífugas funcionando para enriquecer urânio, o que lhe abriria uma nova porta, com uma técnica mais singela que seu programa com plutônio, para obter armas nucleares.

Pyongyang reivindicou o uso pacífico da nova tecnologia, mas Seul e Washington a consideram um perigoso passo em sua corrida nuclear, após os dois testes atômicos que fez em 2006 e 2009, e seu histórico de desenvolvimento armamentista que foram contra as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Seul não descarta que a Coreia do Norte, que está ampliando sua central nuclear de Yongbyon, realize no próximo ano um terceiro teste nuclear, enquanto o Exército sul-coreano começou a se rearmar e intensificar os exercícios militares para contestar com contundência uma nova provocação norte-coreana.

A Kim Jong-il, de 68 anos, só resta como aliada a China, país ao qual realizou duas visitas não anunciadas, em maio e agosto, com o objetivo de buscar respaldo diplomático e econômico em um momento-chave para o regime.

Os chineses, por sua vez, estão sendo cada vez mais pressionados por EUA, Coreia do Sul e Japão para que seja mais crítico com a Coreia do Norte e contribua para reduzir o imprevisível risco que vem representando o último regime stalinista do mundo, com mais de um milhão de soldados e um programa nuclear em andamento.

EFE   
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