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Estados Unidos

Obama se viu obrigado a pôr os pés no chão em 2010

20 dez 2010 - 14h18
(atualizado às 15h27)
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Não foi um ano completamente desastroso para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, porque algumas conquistas foram alcançadas, como a assinatura do tratado de desarmamento Start e a reforma do sistema de saúde, mas, em 2010, o eleitorado o obrigou a pôr os pés no chão.

Obama começou o ano com o pé esquerdo, ao não cumprir o que tinha sido a primeira promessa de seu mandato: o fechamento da prisão em Guantánamo, em Cuba, em seus 12 primeiros meses de gestão.

Um golpe maior ainda aconteceu no mesmo mês de janeiro, quando seu partido perdeu a maioria absoluta no Senado, depois que o republicano Scott Brown ganhou uma eleição parcial em Massachusetts, um dos principais redutos democratas nos EUA.

O revés obrigou o presidente americano a variar sua tática para aprovar o que é a grande "joia da coroa" de seu mandato, a reforma do sistema de saúde.

Após semanas de demora, uma manobra técnica permitiu submeter a medida à votação e evitar um bloqueio da minoria republicana. A Câmara aprovou em 21 de março a lei que amplia a cobertura médica para 32 milhões de americanos até 2019. Foi o momento de maior glória do mandato de Obama até então. Como lhe sussurrou o vice-presidente Joe Biden, sem perceber que as câmeras o gravavam: "este é um p... de um acordo".

A boa sequência continuou em 9 de abril com a assinatura junto ao presidente russo, Dmitri Medvedev, do novo tratado Start de desarmamento nuclear, em Praga. Foi a maior conquista de Obama em política externa, selando um novo começo das relações entre Washington e Moscou.

No entanto, em seu retorno a Washington, os problemas recomeçaram. Em 20 de abril, a plataforma da companhia petrolífera British Petroleum explodiu no Golfo do México, dando início ao maior vazamento de petróleo na história dos Estados Unidos. O derramamento só foi fechado definitivamente no outono do hemisfério norte, deixando consequências ecológicas a longo prazo ainda indeterminadas.

A popularidade de Obama caiu cada vez mais nas pesquisas, sem que a aprovação de uma reforma do sistema financeiro causasse grande impacto entre os eleitores.

Em setembro, o presidente dos EUA - que tinha prometido que teria a paz no Oriente Médio como um de seus objetivos em política externa - ficou satisfeito quando israelenses e palestinos retomaram suas conversas diretas após um ano e meio de interrupção, em Washington.

O alvoroço, porém, se revelou prematuro: o processo voltou a estacionar por causa do fim da moratória israelense aos assentamentos judaicos da Cisjordânia. Asssim, no começo de dezembro, as conversas indiretas voltaram.

A Casa Branca dava mostras de nervosismo. Em 2 de novembro, foram realizadas eleições legislativas para renovar a Câmara de Representantes (Deputados) e um terço do Senado, sem que as pesquisas anunciassem boas notícias para os democratas.

Apesar da mobilização em massa da Casa Branca e do próprio presidente, os eleitores, irritados com a estagnação econômica, deram aos democratas o que Obama qualificou de "uma surra". Os republicanos ficaram com a maioria na Câmara e recuperaram seis assentos no Senado.

Obama, que após o triunfo nas presidenciais de 2008 tinha replicado aos republicanos "eu venci", prometeu governar pelo bipartidarismo. Suas primeiras tentativas, até o momento, não parecem ter deixado muitos satisfeitos.

No último dia 7 de dezembro, o presidente anunciou um acordo com os republicanos para manter como estão, durante dois anos, os cortes de impostos que seu antecessor, George W. Bush, havia aprovado. Se por um lado ganhou o respaldo republicano no Senado, por outro irritou as bases democratas, contrárias a que se prorrogassem os cortes fiscais aos mais ricos.

O futuro do Start também segue pendente, já que, para entrar em vigor, precisa de uma ratificação do Senado, que os republicanos não concedem. Além disso, um juiz federal da Virgínia declarou inconstitucional parte da reforma da saúde, decisão contra a qual o Governo apelará.

O ano de 2011 desponta como decisivo para Obama, que terá que encontrar uma fórmula para coabitar com os republicanos em alta e recuperar a magia que o fez ganhar as eleições presidenciais de 2008.

O tempo começa a contar. Restam 23 meses para as eleições de 2012. O que Obama fizer a partir de agora definirá se é isso o que lhe resta da Casa Branca ou se conseguirá permanecer nela por mais quatro anos.

EFE   
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