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Mundo

Primeiro candidato branco de Uganda segue os passos de Obama

13 dez 2010 - 10h02
(atualizado às 10h42)
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O médico norte-irlandês Ian Clarke, primeiro branco a se candidatar às eleições em Uganda e seguidor confesso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aposta na saúde para todos como fundamental para uma mudança social no país africano.

"Tentamos tornar a saúde mais acessível para os pobres. Não há serviços básicos, como o recolhimento de lixo, nem saúde pública", explica à agência EFE Clarke, proprietário do Hospital Internacional de Kampala, que é, no entanto, um centro particular.

"Tenho uma clínica particular porque aqui as iniciativas privadas são as únicas que funcionam. Só quero servir à comunidade. Na Europa seria o que se chama de 'esquerda'; nos Estados Unidos seria democrata. Sou um grande seguidor de Barack Obama", confessa.

Clarke, que chegou como missionário em Uganda em 1988, é candidato à Prefeitura do distrito de Makindye, com 400 mil pessoas, nas eleições previstas para 20 de fevereiro de 2011.

"Não me preocupa ser o primeiro 'mzungu' ('pessoa branca') a se candidatar. O problema é que, apesar de ter nacionalidade ugandense, não falo Luganda" - o mais popular dos idiomas locais - assegura o médico em um escritório cheio de propaganda eleitoral.

Para este norte-irlandês de 58 anos, que escreve periodicamente uma coluna no jornal local The New Vision, se trata de "outro desafio": "Pensei que não podia seguir comentando diversas situações no periódico, tinha que tentar melhorá-las".

Seu programa eleitoral, no qual aparece um eletrocardiograma representado com as cores da bandeira da Uganda, inclui melhora das infraestruturas, dos serviços sanitários e desenvolvimento.

"Não quero prometer sem parar. Só gostaria de me assegurar que o dinheiro vai para onde deve", indica Clarke, que também responde ao nome local que recebeu ao chegar, "Busuulwa".

Além disso, diz não acreditar na política de partidos, motivo pelo qual se candidata à Prefeitura de Makindye como independente, para evitar "estar dentro de uma entidade".

Clarke afirma conhecer boa parte da classe política do país, incluindo o presidente, Yoweri Museveni, que acumula 24 anos no poder e é candidato à reeleição para mais cinco.

Dele diz que não é "nem tão bom, nem tão mau como dizem por aí, mas uma mistura entre político democrata ocidental e chefe tribal africano", que contribuiu para o desenvolvimento do país.

O próprio "Busuulwa" foi testemunha de muitas destas mudanças em sua prolongada estadia em Uganda: "Quando cheguei, havia vezes em que não se podia comprar nem sabão. Ou as crianças, que não iam à escola. Os que podiam iam ao colégio no Quênia. Mas o mais importante desde 1988 foi a emergência da classe média".

A história poderia lembrar vagamente o filme O Último Rei da Escócia (2006), no qual um jovem médico escocês chega ao país e ganha a confiança do ditador Idi Amin.

Longe desta comparação, Clarke assegura que sua ampla formação e experiência no setor da saúde o ajudarão a desenvolver os projetos que tem em mente.

"O resto é tudo liderança", aponta o doutor, cuja agenda mostra comícios diários a mais de dois meses do pleito.

Apesar da preocupação com a segurança pessoal que sua família manifesta em relação a sua candidatura, o médico diz contar com apoio suficiente em seu distrito.

"Embora alguns façam campanha contra pensando que se trata de um novo tipo de colonialismo", relata.

"O povo de Makindye conhece o trabalho que fiz nestes 22 anos. Além disso, pensam que se nos Estados Unidos Obama foi eleito, que é meio queniano, por que eles não podem ter um 'mzungu' como prefeito?".

EFE   
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