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Europa

Extrema-direita sueca chega ao poder e país submerge em xenofobia

10 dez 2010 - 12h05
(atualizado às 12h28)
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O retorno após duas décadas da extrema-direita ao Parlamento sueco nas eleições legislativas de setembro transformou a política do país, que ingressou na onda dos movimentos xenófobos do norte da Europa.

Depois do domínio efêmero da Nova Democracia (1991-1994), a Suécia vinha se mantendo à margem da onda de partidos xenófobos que ganhou força no resto da Escandinávia nos últimos anos, particularmente na Dinamarca e na Noruega.

Essa situação, no entanto, mudou quando o partido Democratas da Suécia obteve 5,6% dos votos e 20 das 349 cadeiras do Parlamento, e o que é mais relevante, fez com que a aliança de centro-direita do primeiro-ministro Fredrik Reinfeldt perdesse a maioria absoluta.

A maior representatividade, no entanto, não rendeu à legenda nada até agora, já que Governo e oposição mantiveram sua promessa de isolar a extrema-direita, inclusive em questões mais polêmicas, como a presença militar no Afeganistão.

A chegada dos Democratas da Suécia ao Parlamento significa, no entanto, uma chamada de atenção em um país historicamente receptivo a acolher imigrantes e refugiados políticos, e onde a população estrangeira corresponde a 15% do total.

Embora suas proclamações contra a imigração não tenham conseguido alterar a agenda política da campanha, o Democratas da Suécia finalmente conseguiu de forma indireta romper o boicote imposto e alcançar o protagonismo que tanto ansiava.

A proibição a menos de um mês das eleições pelo canal privado "TV4" de um anúncio eleitoral considerado racista provocou uma irada reação não na Suécia, mas na vizinha Dinamarca.

As críticas à Suécia pela suposta falta de liberdade de expressão e o pedido de envio de observadores eleitorais a um dos países mais tolerantes e democráticos do mundo formulado pela direita e extrema-direita dinamarquesas, que dirigem o país desde 2001, acabaram por colocar os Democratas da Suécia no centro do debate.

A polêmica reflete a diferença radical entre os dois países no que se refere à questão imigratória.

A Dinamarca, onde a população imigrante é de cerca de 7%, se transformou em defensora de políticas mais ferrenhas.

Durante a campanha, Reinfeldt e a líder social-democrata, Mona Sahlin, tentaram se manter afastados das comparações com a "indecente" política dinamarquesa, pelas palavras da própria política.

Por sua vez, Pia Kjaersgaard, líder do xenófobo Partido Popular Dinamarquês, viajou na ocasião para a Suécia para apoiar a extrema-direita do país.

Esse partido da Dinamarca, que com 14% dos votos garantiu a maioria absoluta do Governo liberal-conservador e dominou a política de seu país, foi o exemplo a ser seguido pelos Democratas da Suécia para moderar sua imagem.

Suas raízes, ao contrário de seus correligionários dinamarqueses, estão ligadas a um movimento neonazista, o "Bevara Sverige Svenskt" (mantenha sueca a Suécia), criado em 1988, que nos anos seguintes tratou de adquirir um ar de respeitabilidade.

Essa tendência foi aguçada com a ascensão à liderança em 2005 de Jimmie Akesson, de 31 anos, com quem o partido começou a se fortalecer no pleito municipal, sobretudo no sul da Suécia (a região que tem mais contato com a Dinamarca), e conseguiu chegar ao Parlamento.

Akesson tem agora quatro anos pela frente para tentar não ter um Governo efêmero como ao da legenda antecessora Nova Democracia e conseguir romper o isolamento que os outros partidos lhe impuseram.

Além disso, o político terá o desafio de vencer a desconfiança de um país que, diferentemente da Dinamarca (onde o Partido Popular Dinamarquês é completamente aceito), registrou diversas manifestações e onde atletas de elite assinaram cartas de protesto, enquanto o jornal de maior tiragem lançou uma campanha contra ele.

EFE   
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