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Ásia

Comitê Nobel pede reformas à China antes de cerimônia a Liu

9 dez 2010 - 15h44
(atualizado às 16h30)
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O Comitê Nobel pediu nesta quinta-feira à China que combine o desenvolvimento econômico com reformas políticas e que aprenda a tolerar as críticas, refletidas na concessão do Nobel da Paz deste ano ao dissidente chinês Liu Xiaobo. O secretário do comitê, Thorbjoern Jagland, traçou um paralelo entre o destino do mundo e o da China: quando o gigante asiático empreender mudanças políticas, haverá um "enorme impacto" positivo no resto dos países do planeta; mas, caso contrário, a influência será muito negativa.

Esta é a razão para também ter falado que o mundo deve ficar "muito preocupado" com o futuro da China, pela condição de potência global adquirida nas últimas décadas pelo país. O discurso de Jagland, proferido no Instituto Nobel de Oslo, substituiu a tradicional conferência prévia com o Nobel da Paz, suspensa este ano pela recusa da China em deixar Liu Xiaobo viajar para Oslo, devido à pena de 11 anos de prisão que cumpre em seu país por incitar à subversão.

O dissidente, que participou dos protestos da Praça da Paz Celestial em 1989 e foi um dos autores do manifesto "Carta 08", recebeu o prêmio "por sua batalha longa e não violenta pelos direitos humanos fundamentais na China", segundo a decisão do júri. A escolha de Liu Xiaobo reflete a "estreita conexão" entre direitos humanos, democracia e paz, explicou Jagland, ressaltando que não se trata de "um prêmio contra a China", mas uma forma de homenagear os ativistas chineses.

A ausência do agraciado, que estará representado de forma simbólica por uma foto colocada na poltrona que lhe seria destinada, alterará o desenvolvimento da cerimônia de entrega do prêmio nesta sexta-feira na Prefeitura de Oslo. Esta será a quinta vez que um premiado não comparece à cerimônia, mas a segunda que ninguém o recebe o Nobel em seu lugar: o único precedente ocorreu de 1936, quando o regime nazista não deixou o ativista alemão Carl von Ossietzky viajar à Noruega.

A atriz norueguesa Liv Ullmann será a encarregada de ler um texto de Liu Xiaobo diante dos reis do país, de autoridades locais e representantes de dois terços do total de embaixadas em Oslo. Dezenove países não estarão presentes na cerimônia, embora tenha havido mudanças na lista inicial, e enquanto Ucrânia e Filipinas comparecerão ao evento, outros países como a Argélia e a Argentina não o farão -, assinalou nesta quinta-feira o diretor do Instituto Nobel, Geir Lundestad.

Além da própria China, países como a Rússia, Paquistão, Sérvia, Iraque, Irã, Afeganistão, Venezuela e Cuba também não irão conferir a entrega do prêmio, supostamente pelas pressões exercidas por Pequim, que nos últimos meses congelou as relações com a Noruega e criticou a concessão do Nobel a um "criminoso".

Jagland disse nesta quinta-feira não estar surpreso pelos protestos chineses, apesar de ter dito não prestar "muita atenção" a eles, e vaticinou que a pressão diminuirá uma vez que a cerimônia de entrega do prêmio seja realizada, porque as autoridades chinesas são "muito pragmáticas".

Por outro lado, o secretário avaliou que será difícil para a China manter a condenação a Liu Xiaobo, visto que a pressão do resto do mundo será "forte" e acrescentou que acredita que o Nobel da Paz deste ano influirá na questão dos direitos humanos no país asiático. Embora Pequim não tenha dado permissão de saída para a esposa do dissidente - a poetisa Liu Xia, em prisão domiciliar em Pequim - nem a amigos e parentes do ativista, haverá cerca de uma centena de chineses presentes na cerimônia na Prefeitura de Oslo.

Entre eles estão aproximadamente 40 opositores no exílio, incluindo os líderes da Praça da Paz Celestial e da minoria uigur, o que representará um encontro sem precedentes, já que a oposição chinesa é muito reduzida e está fragmentada. Por ocasião da entrega do Nobel da Paz a, grupos de direitos humanos organizaram outras iniciativas paralelas, como uma manifestação em frente à Embaixada chinesa em Oslo, que reuniu nesta quinta-feira 200 pessoas.

O objetivo era entregar 100 mil assinaturas de apoio ao ativista reunidas em uma campanha da Anistia Internacional, mas ninguém da embaixada quis recebê-las, segundo os organizadores do protesto.

EFE   
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