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Europa

Chefe de gangue ganha direito de ser chamado de "senhor"

6 dez 2010 - 12h37
(atualizado às 13h43)
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Um dos presos considerados mais perigosos da Grã-Bretanha ganhou o direito de ser chamado de "senhor" pelos carcereiros da penitenciária de Londres onde cumpre pena de 35 anos por assassinato.

Colin Gunn cumpre 35 anos por assassinato
Colin Gunn cumpre 35 anos por assassinato
Foto: PA / BBC Brasil

Colin Gunn, classificado como preso de alta periculosidade, é agora chamado de "senhor Gunn" após submeter uma reclamação ao ombudsman (ouvidor) do sistema prisional britânico.

O prisioneiro, chefe de uma das mais notórias gangues de tráfico de drogas da cidade de Nottingham, no centro da Grã-Bretanha, alegou que não estava sendo tratado com respeito pelos funcionários da cadeia.

Segundo a mídia britânica, a polícia atribui a Gunn cerca de 50 tiroteios e pelo menos seis mortes. Ele foi condenado pelo assassinato de um casal de meia idade, pais de um inimigo.

A decisão abre o caminho para que todos os presos britânicos possam escolher a maneira como desejam ser chamados pelos funcionários, incluindo títulos como senhor ou doutor ou apelidos.

O sindicato dos carcereiros criticou a determinação. "Isso é o politicamente correto em um nível insano", disse o presidente do sindicato, Colin Moses.

"Você precisa ganhar o respeito, não exigi-lo. Os prisioneiros certamente não tratam os funcionários com respeito", afirmou.

"Concordo que as pessoas devem ser tratadas com decência, mas o que é a decência? Onde está a decência para os funcionários? Temos o maior nível de ataques contra funcionários da história. Ainda assim perdemos tempo, energia e dinheiro com casos com o de Gunn", reclamou.

Instruções
Colin Gunn relatou seu caso em uma carta publicada pela revista Inside Time, voltada à população carcerária.

"Apesar de não haver uma política nacional que estipule como os prisioneiros devem ser chamados, todas as prisões devem ter recebido claras instruções sobre isso. Não é mais aceitável chamar os prisioneiros só pelo sobrenome", afirmou o prisioneiro na carta.

Gunn também oferece instruções para os outros prisioneiros que quiserem contestar a forma pela qual são chamados pelos carcereiros, citando os formulários necessários e os organismos para os quais encaminhar as reclamações.

"Você ganhará o caso, e sua prisão sabe disso, mas tentará de tudo para escapar. A lei está do seu lado, então não desista", afirma o prisioneiro. "Vocês não precisam mais ser humilhados por funcionários rudes e ignorantes. Lutem pelos seus direitos", conclui Gunn.

Colin Gunn está preso desde 2006 e já passou por várias penitenciárias do país. Ele é transferido constantemente, de acordo com a política do sistema penitenciário, para evitar que organize grupos e influencie outros prisioneiros.

Em janeiro, uma reportagem do jornal The Sunday Times revelou que Gunn mantinha, de sua cela, uma conta no Facebook da qual enviava ameaças a desafetos.

"Eu vou voltar para casa um dia e não posso esperar para olhar nos olhos de certas pessoas e ver o medo de me verem ali", dizia uma das mensagens na conta, que foi fechada posteriormente. A polícia suspeita também que Gunn continue a chefiar sua gangue com ordens de dentro da prisão.

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