Latino-americanas culpam cultura machista por violência contra as mulheres
Os latino-americanos lembraram nesta quinta-feira o dia adotado pela ONU em prol do fim da violência contra a mulher, um problema generalizado e em ascensão em uma região com fama de machista, de acordo com números divulgados recentemente.
Organizações feministas e especializadas em violência foram às ruas de cidades da América Latina com diversas propostas, algumas originais, como um "ônibus contra o machismo" que percorreu Lima para exigir uma lei eficaz de proteção à mulher.
Até na capital do Haiti, um país devastado pelo terremoto de janeiro e pela epidemia de cólera, e em plena campanha eleitoral, houve manifestações nas quais as participantes usavam camisetas com a frase: "As mulheres dizem basta".
O Governo da Guatemala, país onde quase três mil mulheres foram assassinadas nos últimos cinco anos, se declarou nesta quinta-feira "envergonhado" pelos altos níveis de violência e pediu para toda a sociedade erradicar a "cultura machista".
Em Montevidéu, 300 mulheres, uma para cada vítima de assassinatos por violência sexual perpetrados no país desde 2001 até o momento, fizeram um espetáculo alusivo nas escadarias do Palácio Legislativo.
A ONU escolheu o dia 25 de novembro em homenagem a três irmãs dominicanas assassinadas há 50 anos por oposição à ditadura de Rafael Leónidas Trujillo.
As irmãs Mirabal: Minerva, Patria e María Teresa, também conhecidas como "Las Mariposas", foram vítimas da violência política. Atualmente, a maioria das mulheres são vítimas de violência doméstica, como ciúmes do parceiro ou o desejo de separação.
A violência contra a mulher tem muitas caras. Na Argentina está personificada em Juana Elvira Goméz, uma mulher de 43 anos que acaba de denunciar seu pai, Armando Gómez, de 62, por tê-la submetido a uma vida "de terror", golpes, reiteradas "ameaças de morte" e abusos sexuais.
Juana Elvira teve 10 filhos. O primeiro se suicidou com 17 anos, segundo a mãe, "deprimido" por descobrir sua origem.
Uma em cada três mulheres no mundo foi objeto de violência física, se viu forçada a manter relações sexuais ou foi vítima de maus tratos, assinalou a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de sua sede em Paris.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e a responsável da agência ONU Mulheres, Michelle Bachelet, celebraram o Dia antecipadamente nesta terça-feira em um ato onde fizeram pedidos aos Governos, empresários e meios de comunicação para que contribuam para a luta contra a violência sexual.