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América Latina

Cresce preocupação por protestos contra cólera no Haiti

19 nov 2010 - 22h47
(atualizado em 20/11/2010 às 03h58)
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As autoridades haitianas e a comunidade internacional estão preocupadas pela situação gerada no Haiti por causa da cólera, que deixou 1.186 mortos em um mês e que tem provocado protestos contra a Missão da ONU no país, acusada de originar a epidemia.

A situação do Haiti alertou a Assembleia Geral da ONU, que nessa sexta-feira anunciou em Nova York que se reunirá no dia 3 de dezembro para analisar os eventos na nação caribenha.

Os representantes dos países integrantes escutarão um relatório do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e terão a oportunidade de se expressar, explicou em comunicado o porta-voz do organismo, Jean Victor Nkolo.

Nkolo afirmou que o presidente da Assembleia Geral, o suíço Joseph Deiss, segue de perto os eventos na nação caribenha e se une aos pedidos dos países doadores para que forneçam os US$ 164 milhões que a ONU solicitou para combater a cólera.

A origem da doença no Haiti continua sendo desconhecida, mas, segundo testes realizados pelos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC), em Atlanta (EUA.), foi causada por uma cepa igual a uma encontrada na Ásia meridional.

No entanto, centenas de manifestantes acusaram nos últimos dias a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) de ter originado a epidemia ao despejar material fecal em um rio que atravessa o departamento de Artibonite, onde o surto começou.

Os manifestantes acusam o batalhão nepalês que, segundo denúncias, utiliza um dispositivo perto do rio Artibonite para depositar seus materiais fecais, o que foi negado pela missão da ONU, que garante que manejou em forma correta o material.

Os protestos e enfrentamentos dos manifestantes com tropas da Minustah causaram, esta semana, três mortes e deixaram mais de 30 feridos em Cap-Haïtien, o que poderiam agravar a epidemia e a situação geral do país, que em 28 de novembro realizará eleições presidenciais e legislativas.

O pleito é reivindicado pela comunidade internacional que socorreu a nação caribenha após o terremoto de 12 de janeiro, que deixou 300 mil mortos e 1,2 milhão de desabrigados.

Após os incidentes desta semana, o país viveu nesta sexta-feira uma jornada de aparente calma e não foram reportados incidentes apesar das barricadas na região da Universidade de Porto Príncipe, um dos pontos de partida da manifestação de estudantes contra a Minustah realizada nesta quinta-feira.

Ao se completar, nesta sexta-feira, um mês desde a aparição dos primeiros casos da doença na país caribenho, as autoridades sanitárias informaram que o surto ocasionou a hospitalização de 19.646 pessoas, das quais 18.872 ficaram curadas após receber o tratamento correspondente.

A doença causou a morte de 19 presos em quatro prisões do país, disse nesta sexta-feira à Efe o porta-voz adjunto da Polícia Nacional do Haiti (PNH), Garry Desrosiers. A fonte precisou, além disso, que 50 presos foram atendidos por apresentar sintomas da doença.

"A Polícia tem muita dificuldade para fazer frente à progressão da epidemia", devido às condições nas amontoadas prisões haitianas, disse Desrosiers.

A prisão da capital, cujos espaços foram desinfetados como prevenção da cólera, conta com 1,5 mil prisioneiros, sendo que entre 30 e 60 compartilham o mesmo quarto. Esta situação representa "um perigo", não somente para os prisioneiros, mas também para os policiais e o pessoal administrativo, acrescentou a fonte.

A epidemia, que afeta oito dos dez departamentos do país, atravessou a fronteira com a República Dominicana, onde esta semana foram confirmados três casos, embora não existam vítimas fatais.

O chefe da Minustah, Edmond Mulet, qualificou nesta sexta-feira de "criminosos e irresponsáveis" os atos violentos dos últimos dias em Cap-Haïtien e Porto Príncipe, que condenam "à morte certa" milhares de doentes.

EFE   
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