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Estados Unidos

EUA se recusam a investigar abusos, diz fundador do WikiLeaks

4 nov 2010 - 15h36
(atualizado às 17h30)
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O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, desafiou nesta quarta-feira os Estados Unidos a averiguarem as denúncias de torturas e guerra suja no Iraque e Afeganistão se não quiserem perder credibilidade perante o mundo, ao mesmo tempo que denunciou tentativas de destruir o site que revelou milhares de documentos secretos.

Assange falou em uma grande entrevista coletiva em Genebra, rodeado de fortes medidas de segurança entre guarda-costas e policiais, um dia antes de Washington ser submetido no Conselho de Direitos Humanos da ONU a um exame pelo qual todos os membros devem passar a cada quatro anos. "Os Estados Unidos correm grande perigo de perder a credibilidade, porque neste caso vemos que suas próprias leis, que defendem os direitos humanos, não estão sendo aplicadas", afirmou Assange.

Também falou que os "Estados Unidos não abriram nem uma só investigação sobre os casos denunciados, ao contrário de outros países, como Reino Unido e Dinamarca, que anunciaram investigações". "Por outro lado, Washington realiza uma investigação agressiva sobre nossa organização, com ameaças públicas, e pediram para destruirmos todos os documentos que temos, o que não aceitamos", assinalou.

Ao longo deste ano, o WikiLeaks revelou, em abril, 90 mil documentos secretos sobre a atuação dos EUA na guerra do Afeganistão, e em outubro, outros 400 mil sobre a Guerra do Iraque nos quais denuncia a morte de mais de 100 mil iraquianos desde 2003. Além disso, Assange anunciou que sua organização tem intenção de revelar novos documentos secretos que afetam "não só os EUA, mas outros países".

"Desde abril, só publicamos documentos relacionados aos Estados Unidos - sobre a guerra no Afeganistão e no Iraque - e isso acontece porque divulgamos por ordem de importância, pois temos recursos limitados", assinalou. "Vamos publicando os documentos que temos o mais rápido possível, mas começamos pelos mais prioritários. Desde abril, divulgamos 500 mil documentos relacionados com os EUA que são de extrema importância histórica", ressaltou.

"Mas seguiremos publicando no restante do ano milhares de documentos relacionados com muitos países, incluindo os EUA", acrescentou o fundador do WikiLeaks. Perguntado se a atual administração de Barack Obama tem responsabilidade sobre as torturas denunciadas, o australiano disse que alguns dos casos documentados já pertencem ao governo democrata de Obama.

"A responsabilidade não é só do passado, de Bush, mas também da Administração de Obama", ressaltou. Sobre as ameaças e tentativas de destruição do site, Assamge contou que "há apenas oito horas soubemos que uma pessoa relacionada de maneira muito indireta conosco foi presa pelas forças dos Estados Unidos ao entrar no país pela fronteira com o México. Nem sequer foi comunicado a acusação pela qual ela foi detida".

Para receber o fundador do WikiLeaks, que esteve o tempo todo acompanhado por dois guarda-costas, as autoridades de Genebra precisaram mobilizar um forte contingente policial.

Assange não quis dizer como é sua vida desde que começou a revelar as violações dos direitos humanos cometidas pelos EUA. Só disse que a situação ficou muito difícil nos últimos três meses, e falou sobre diversos ataques feitos contra seu site e sua infraestrutura financeira - baseada em doações privadas: "dedicamos 70% dos nossos recursos para garantir a segurança do site".

EFE   
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