PUBLICIDADE

América Latina

Haiti coloca em ação plano para frear avanço da cólera

25 out 2010 - 22h06
(atualizado às 22h37)
Compartilhar

O governo do Haiti e as agências internacionais colocaram nesta segunda-feira em andamento um plano de ação para frear o avanço da cólera, que já causou 369 mortes em uma semana, segundo o ministério de Relações Exteriores da Espanha, e teme-se que a epidemia se propague à vizinha República Dominicana. As autoridades de saúde fizeram um planejamento que inclui a distribuição de cloro à população afetada pela epidemia e a instalação de centros de tratamento de cólera em diferentes regiões do país.

Haitianos infectados pela cólera recebem atendimento médico em hospital improvisado de Porto Príncipe
Haitianos infectados pela cólera recebem atendimento médico em hospital improvisado de Porto Príncipe
Foto: Reuters

O diretor-geral do ministério da Saúde Pública, Gabriel Timothée, confirmou em entrevista coletiva que finalizou a construção de um desses centros em Lestère, uma região do departamento Artibonite (norte), o mais afetado pela doença, cuja origem ainda é desconhecida. As autoridades identificaram quatro locais em Porto Príncipe, entre estes Tabarre e Bon Repos (periferia norte) para a instalação dos centros.

Timothée detalhou que vai instalar uma série de pias públicas para que a população possa lavar as mãos nas áreas afetadas pela cólera, cuja origem poderia estar relacionada com um rio contaminado que fica muito perto de Artibonite, afirma Unicef. Nesse sentido, o funcionário destacou a "bem-sucedida" experiência realizada em Mirebalais com iniciativas deste tipo, nas quais atuam os médicos da brigada cubana que presta serviços no país.

Enquanto isso, na vizinha República Dominicana, o governo anunciou que reforçou a vigilância na fronteira com o Haiti para evitar a propagação da doença. Nessa região, nesta segunda-feira foram registradas cenas de tensão quando membros da polícia haitiana e da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) reprimiram com gás lacrimogêneo os haitianos que protestaram pela suspensão do mercado binacional pela cólera que afeta o vizinho país.

Além disso, a Organização Pan-americana da Saúde (OPS) advertiu que o número de casos de cólera no Haiti aumentará e a doença se propagará à República Dominicana, e recomendou fazer ênfase na prevenção. O epidemiologista da OPS, Jon Andrus, ressaltou que existe "um risco muito alto" que a cólera se propague à República Dominicana devido à porosidade e ao constante vaivém de pessoas na fronteira comum, por isso que a prioridade é estabelecer uma resposta integral para toda a ilha de Hispaniola.

Andrus indicou que a OPS junto às autoridades no Haiti mobilizam recursos e equipes de analistas para ajudar a mitigar a propagação da cólera nesse país, onde a doença já havia sido erradicada há mais de um século. Por outro lado, o ministério da saúde haitiano expressou sua preocupação pela situação nos acampamentos dos desabrigados pelo terremoto que atingiu ao país em janeiro, devido à situação de insalubridade que poderia favorecer o desenvolvimento da epidemia.

Cerca de 1,3 milhão de pessoas vive nos campos de deslocados em condições muito precárias após o terremoto que matou mais de 300 mil pessoas. "Estamos preocupados pela situação nos acampamentos de deslocados", ressaltou Timothée, por isso que recomendou uma série de medidas nesses locais como o recolhimento e a mudança diária do lixo e os sedimentos fecais.

O funcionário anunciou que o governo está em uma etapa de "mobilização comunitária e das autoridades locais para reforçar a comunicação" e desse modo prevenir a doença. Sobre a existência de material para enfrentar o surto de cólera, Timothée assinalou que "não há nenhum problema em termos de materiais e remédios".

Os remédios disponíveis no país, particularmente soro e outros produtos para hidratação, podem curar 100 mil casos de cólera, acrescentou. Explicou que o conveniente é reforçar as reservas destes materiais, incluindo colchões plásticos e produtos químicos como cloro para desinfecção e água potável. Por outro lado, as organizações humanitárias intensificaram suas tarefas contra a cólera. Por exemplo, em Saint Marc, um dos povoados mais afetados pelo surto, a Unicef informou que trabalha para aumentar sua capacidade de resposta.

"Estamos bem preparados para responder graças ao abastecimento de materiais que já tínhamos realizado na região" garantiu o coordenador do Unicef em Artibonite, Frank Kashando, quem acrescentou que, no entanto, é necessário aumentar os envios. Por sua vez, o batalhão do Exército do Chile, que faz parte da Minustah, anunciou que membros da unidade foram até Artibonite e ao departamento Norte para fazer assessoria médica na construção de um ponto de controle sanitário de emergência e entregar 2 mil litros de água potável.

Com informações de agências internacionais

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade