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Mundo

Relatório revela planos nazistas de expatriar Thomas Mann

24 out 2010 - 10h39
(atualizado às 11h46)
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O pai do ex-presidente alemão Richar von Weizsäcker (1981-1984), o diplomata Ernst von Weizsäcker, recomendou em 1936 retirar a nacionalidade do escritor Thomas Mann, segundo um relatório do Ministério de Exteriores no Holocausto que revela neste domingo o jornal Frankfurter Allgemeine.

Pelo documento de uma comissão de pesquisa criada em 2005 quando o ecologista Joschka Fischer era ministro de Exteriores, Ernst von Weizsäcker, que foi secretário de Estado a partir de 1938, recomendou dois anos antes expatriar Mann por causa de sua propaganda contra o regime nazista.

Mann, autor de "A Montanha Mágica", "Morte em Veneza" e "Doutor Fausto" exilou-se na Suíça em 1933 para posteriormente transferir-se para os Estados Unidos, a partir de onde combateu ao nazismo com suas alocuções por meio do rádio.

O relatório, que será publicado na segunda-feira pelo semanário Der Spiegel, detalha que "o Ministério de Exteriores alemão foi uma organização criminosa" nos anos do nazismo (1933-1945) na perseguição dos judeus, como indica o presidente da comissão, o historiador Eckart Conze.

Contra o que diz o relatório, o ex-presidente Weizsäcker afirma ao Frankfurter Allgemeine Zeitung que seu pai "nunca foi uma figura relevante do nazismo e seu papel no Ministério de Exteriores foi exemplar para manter a tranquilidade nesses tempos de mudanças na Europa".

Ernst von Wezsäcker foi submetido a julgamento por crimes contra a humanidade nos processos nazistas entre 1948 e 1949 e condenado a cinco anos de prisão. "O Ministério de Exteriores funcionou como uma instituição do regime nacionalsocialista desde o primeiro dia e participou da política de violência instaurada pelo Terceiro Reich", assinala Conze.

O estudo revela que após 1945 "continuaram no Ministério pessoas que tiveram sério envolvimento no regime nazista", acrescenta Conze. O próprio ex-ministro Fischer se mostra "surpreso" no periódico com o papel de "proteção aos criminosos" do Ministério de Exteriores após 1945.

Seu sucessor no cargo, o social-democrata Frank-Walter Steinmeier, afirma não "acreditar" no envolvimento de diplomatas na eliminação sistemática de judeus e a posterior proteção de criminosos.

EFE   
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